Fábio Assunção diz que prefere “gozar a novela toda e se ferrar no final” do que o inverso

Todo e qualquer convite de Gilberto Braga é sempre irrecusável para Fábio Assunção. Desde que fez Pátria Minha, em 1994, o ator tornou-se figura constante nas produções do autor. Foi assim na minissérie Labirinto, de 1998, e na novela Força de Um Desejo, um ano depois. Quando recebeu o convite para fazer Celebridade, Fábio Assunção pôde escolher entre três personagens. Preferiu, porém, um quarto: o inescrupuloso Renato Mendes. A escolha, garante ele, é simples. “Nunca fiz um personagem desses na tevê. Geralmente, só faço o herói. Já o vilão é bacana de fazer porque ele goza a novela inteira. No final, tudo bem, ele até se ferra. Mas é melhor assim do que sofrer o tempo todo”, brinca.

Em quase 15 anos de tevê, Fábio Assunção só interpretou o vilão uma única vez. Mesmo assim, o médico Jorge Candeias de Sá, de Sonho Meu, era quase um franciscano se comparado a Renato Mendes. Mesmo depois de empreender uma verdadeira cruzada para adquirir a guarda do pequeno Zeca, vivido por Brunno Abrahão, o editor da revista Fama não dá trégua ao pai da criança, o jornalista Cristiano, interpretado por Alexandre Borges. Tal perseguição tem suscitado protestos veementes nas ruas. Bem-humorado, o ator responde os fãs no mesmo tom cínico do personagem. “Entrei de cabeça na brincadeira. Quando dou razão ao Renato, o pessoal fica louco. É muito engraçado”, diverte-se.

Aos 32 anos, Fábio Assunção só perde o jeito brincalhão ao falar de “celebridades instantâneas” e “imprensa sensacionalista”. “Sempre associo sucesso a trabalho bem-feito. Quando a fama é conseqüência desse trabalho, é legal e bem-vinda. Caso contrário, torna-se perigosa porque você fica na obrigação de trocar de mulher toda a semana para fomentar o interesse da mídia”, exemplifica. Bastante reservado, o ator só dá entrevistas para falar de assuntos profissionais e nunca abre a casa para as chamadas “revistas de celebridades”. Mesmo assim, teve fotos de seu casamento publicadas por uma das muitas que poderiam ter inspirado a fictícia Fama. “Não queria que a minha cerimônia íntima virasse um evento público”, queixa-se.

P – Fazer o vilão da história é tão interessante quanto dizem?

R – Ah, eu acho! Porque o vilão goza a novela inteira. No final, tudo bem, ele até dança. Mas é melhor assim do que sofrer a novela inteira e só gozar no final. O vilão é bom de fazer porque não tem compromisso ético, moral… Ele corre por fora. Por isso mesmo, pode ser surpreendente. E o surpreendente é sempre melhor. Eu mesmo não sabia como o Renato reagiria à morte do irmão. “Ah, ele vai sofrer porque era irmão…”, pensei. Que nada! Ele até agradeceu ao irmão por ele ter sido cremado. Só assim não teve de tolerar velório, mausoléu, essas coisas…

P – O que você pensa do segmento jornalístico que prioriza a vida amorosa dos artistas em vez da profissional?

R – Não acho errado uma revista se dedicar à vida pessoal dos atores. Se tem gente que compra, não é mesmo? Só acho que a profissão de ator não tem de ser confundida com celebridade. Você tem o ator que é célebre por competência. Como você também tem o médico que é célebre por competência. Esse é o caso do Paulo Niemeyer, falecido recentemente… Mas o médico nunca ganha capa de revista. Na verdade, essas revistas se dedicam mais às curiosidades sobre a vida amorosa das pessoas. Curiosidades do tipo “quem separou, quem tá namorando quem, quem tá ficando…” Conhecendo os diretores como conheço, sei que isso pouco ou nada vale na escalação de uma novela. Tais curiosidades não interferem na qualificação de um ator.

P – Você tem o hábito de ler revistas do gênero?

R – Sinceramente, não. Não compro e não leio. Mesmo assim, de vez em quando, pinta uma ou outra lá em casa. Nessas horas, leio umas coisas que me deixam pasmo. Por isso, prefiro nem ler.

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