Exposição irreverente

Arrancar revelações, de famosos ou não, é o que Preta Gil pretende com seu novo programa na Band. Ainda sem data certa para estrear – a previsão é fim de maio – Caixa Preta promete levar o próprio título ao pé da letra. Munida de perguntas inseridas na tal caixa-preta, a apresentadora tentará fazer com que pessoas contem coisas nunca ditas antes, mas não necessariamente algo forte ou polêmico. As perguntas serão apenas inusitadas. Vale qualquer bobagem como “Qual o seu trauma de infância?” ou “Quem você detesta na tevê?”. “Quero provocar e mostrar a reação das pessoas. Será muito bom se eu conseguir desmistificar as celebridades”, empolga-se Preta. Mas, em seguida, deixa escapar que a proposta aparentemente ousada deve ficar mesmo no “café-com-leite”. “Perco a piada, mas não o amigo”, avisa.

Apesar do tom conciliatório da apresentadora, é no jeito autêntico, polêmico e irreverente de Preta que Marlene Mattos aposta para emplacar o programa. A diretora artística da Band chega a comparar a filha de Gilberto Gil com Oprah Winfrey, a apresentadora negra mais famosa da tevê americana. “Isso agora pode parecer exagero, mas com o tempo vou provar que estou certa”, profetiza.

O programa, exibido nas noites de sábado, terá a presença de platéia, que alimentará a caixa com perguntas, e será dividido em quatro blocos. Nos dois primeiros, dois ou três “famosos” – de pagodeiro a jogador de futebol, de ex-BBB a dançarina de axé -serão submetidos às perguntas da caixa que, inclusive, é itinerante. Preta Gil vai invadir festas e centros urbanos atrás de respostas interessantes. É aí que entra a participação de pessoas normais na história. Toda a andança de Preta, que vai estar com uma câmara e a caixa aonde for, será mostrada no programa. “Assim o público poderá acompanhar um pouco do dia-a-dia da Preta, os lugares que ela frequenta”, observa a diretora Tininha Araújo.

Como em casa

No terceiro e quarto blocos, o programa promete ir além da idéia central. O cenário vai se transformar em uma casa com quarto, cozinha, sala e banheiro. Nos cômodos, os convidados vão fingir que estão na própria casa, mostrando como dormem, se sabem cozinhar ou até mesmo tirando a maquiagem antes de deitar. Toda a idéia do programa é da própria Preta Gil, que teve inúmeras reuniões com Marlene Mattos, diretora artística da Band, para discutir o formato. Ainda com algumas pendências, Caixa Preta não começou a ser gravado em estúdio. As externas começaram esta semana. “Estou empolgada e ansiosa para começar essa nova etapa da minha carreira. A Marlene tem me dado a maior força, aprendo todos os dias com ela”, elogia Preta.

Cantora e atriz – atuou recentemente na novela Agora é que são elas, da Globo -, Preta se aventura como apresentadora aos 29 anos, sem medo de confundir as bolas ou perder o foco. “Tenho um longo caminho a percorrer como cantora e não me acho uma atriz medíocre. Neguei a minha vocação de artista por um longo tempo, o que foi um erro, e agora quero ser feliz”, enfatiza, como quem pretende recuperar o tempo perdido. Durante quase dez anos, a filha de Gilberto Gil trabalhou como produtora de eventos.

Gordinha exemplar

Sem transparecer a menor pretensão de ser a nova queridinha de Marlene Mattos – “Ela não está procurando uma nova Xuxa, assim como a Xuxa não está procurando uma nova Marlene”, é o que alega -, Preta conta que Marlene lhe deu o programa por conta do seu jeito ousado. Mais precisamente, por ter posado nua na capa de seu primeiro disco, Preta à Porter. “Ela gosta de pessoas atrevidas e queria me ver revelada por essa atitude”, acredita. Tininha Araújo também elogia a personalidade autêntica e debochada de Preta. “É muito bom trabalhar com um artista que sabe o que quer. Isso facilita muito a vida do diretor”, conta Tininha, conhecida pela experiência à frente do seriado Sandy & Junior, na Globo.

Além de conseguir um espaço próprio na tevê por conta do seu jeito de ser, Preta se orgulha de ter servido de exemplo para mudar a vida de algumas mulheres. “Já me falaram: ‘Sou gordinha, não botava maiô há dez anos e ontem fui à praia’. E tem marido falando: ‘Minha mulher não transava de luz acesa porque era gordinha. Obrigado, porque agora ela se acha o máximo'”, relata.

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