Evento em SP promove batalha de pincéis entre artistas

O relógio indica que a batalha vai começar. Os competidores se preparam: alguns acenam para o público, outros se concentram com as músicas que saem de seus fones. Mas a disputa não é entre lutadores tampouco rappers. No Art Battle, o grande campeão é aquele que, em 20 minutos, pinta a tela que mais agradar ao público. “Vocês são os mecenas nessa noite”, anuncia o MC.

Este ano foi o primeiro de Art Battle no Brasil. No total, foram cinco edições, além da grande final, que será realizada no dia 18 de dezembro. O evento já existe em mais de 30 cidades do mundo inteiro e foi trazido a São Paulo por Ramon Sabbatini e Ana Luiza Primi. “Nós queremos democratizar a arte. Nossa grande missão é criar uma plataforma para que artistas consigam viver de arte”, explica Sabbatini.

A Fresh Ink, empresa criada por Sabbatini para realizar a versão brasileira do evento, catalogou 150 pontos de arte na cidade, desde escolas, a museus e galerias. Assim, eles divulgaram a batalha entre artistas que ainda não conseguiram tantas oportunidades no meio artístico. Para participar, cada concorrente enviou seu portfólio. A segunda etapa é feita pessoalmente em uma sessão de live painting de 20 minutos. “A proposta é ter diferentes traços, gêneros, linhas, personalidades”, conta o idealizador.

Para os artistas, o evento é visto como uma porta de entrada. Os participantes mais bem avaliados pelo público têm preferência nos contratos de live painting fechados por Sabbatini. “As galerias nunca querem renovar. Às vezes fica o mesmo artista o ano inteiro. Aqui no Brasil só se valoriza se o cara estourar lá fora”, analisa o artista plástico Charles Oak.

O engenheiro civil Danniel Cestari concorda. Ele já havia participado da edição londrina do evento e teve seu nome sorteado para participar do primeiro round no Art Battle Brasil. “É incrível porque sai do quadradinho da arte do País e ainda proporciona interação com os artistas.” Cestari entrou na batalha com os artistas selecionados, mesmo sendo, aquela, sua primeira tela.

“Muita gente se sente um pouco intimidada e aqui, vendo o processo criativo, arte sai do pedestal e se apresenta de uma forma mais democrática. Por isso que a gente democratiza ao pé da letra, convidando alguém da platéia para pintar nos primeiros rounds”, explica Sabbatini.

São dois rounds de 20 minutos em que, no total, dezesseis participantes competem entre si para pintar a tela, de 80cm x 60cm, com mais votos do público. Os mais votados vão para o terceiro round e têm o desafio de pintar em 25 minutos em uma tela maior, de 120cm x 60cm. Além disso, todos os quadros entram uma espécie de leilão silencioso, no qual o público pode fazer lances em iPads. Todas as telas iniciam o leilão com o lance mínimo de R$150, valor pago pela organização. Acima disso, os artistas ficam com 70% do valor do maior lance.

“O caminho é esse: democratizar a arte e deixar as pessoas darem vazão à sua paixão. Eu nunca conseguiria fazer isso se tivesse que pintar um quadro. A gente tem que valorizar”, afirma a gerente de marketing Laura Queiroz, que, em outro dia, já havia comprado duas telas e, na quinta edição, ganhar o leilão de mais duas.

Na final do Art Battle Brasil 2014, os finalistas das cinco edições anteriores competem entre si. O ganhador leva um prêmio em dinheiro e uma viagem ao Canadá para participar da versão canadense do evento. Para o ano que vem, já estão previstas 16 edições mais a grande final.

Serviço

Data: 18/12 (quinta-feira)

Horário: A partir das 20h.

Local: Av. Pedroso de Moraes, 1.036

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