Estudo aponta causas de doença de Aleijadinho

Não é de hoje que profissionais da medicina, biógrafos e historiadores se debruçam sobre o desafio de identificar as causas dos problemas físicos que acometeram Antônio Francisco Lisboa e lhe imputaram o apelido de Aleijadinho. Hanseníase, paralisia, sífilis, escorbuto e reumatismo crônico foram algumas das causas já aventadas para a resposta sobre o que aleijou o maior artista do barroco mineiro. Baseando-se em quatro décadas de estudos, o médico reumatologista Geraldo Guimarães da Gama apresenta uma nova hipótese: as moléstias do escultor resultariam, na verdade, de um acidente de trabalho.

Gama é o autor do livro "Os Mistério na Vida do Aleijadinho" (Edições CLA, 132 págs., R$ 20). Na obra, ele afirma que tudo indica que o artista, por volta dos 40 anos, foi vítima de uma queda de altura suficiente para causar sérios traumatismos, causando problemas nos joelhos, punhos e na face, que ficou parcialmente paralisada. Aleijadinho teria deixado de andar e ganhado este apelido a partir de 1777, quando executava uma de suas obras mais conhecidas – a Igreja de São Francisco, em Outro Preto.

Gama ousa ao dizer que suspeita que o acidente tenha ocorrido após o escultor tomar "uma dose excessiva de cardalina" um substância entorpecente, que Aleijadinho ingeria para "aprimorar seus conhecimentos artísticos". Para contestar as hipóteses de mal súbito e degenerativo, o médico argumenta que as doenças aventadas o incapacitariam para o trabalho, mas Aleijadinho não descansou até quase o final da vida, em 1814.

O médico diz que o artista, já bastante idoso, tenha interrompido as atividades após um derrame cerebral e admite até a hipótese de a sífilis ter-lhe atacado no final da vida. O autor de "Os Mistério na Vida do Aleijadinho" admite que sua "interpretação" é polêmica, mas considera os diagnósticos mais utilizados como parte da "formação do mito popular", que ofuscou o raciocínio clínico em torno do artista.

Voltar ao topo