Estreia na sexta ‘Xingu’, filme sobre irmãos Villas-Boas

No início do século 20, uma vasta área do Brasil era completamente desconhecida do governo. Nesse contexto, o governo criou a chamada Marcha Para o Oeste, incentivando brasileiros a desbravar o interior do País. No grupo, estavam os três irmãos Orlando (1914-2002), Cláudio (1916-1998) e Leonardo Villas-Bôas (1918-1961), que não só ajudaram nesse desbravamento, como também descobriram tribos indígenas que nunca haviam tido contato com os homens brancos. Assim, entre os feitos dos irmãos, está a criação do Parque Indígena do Xingu (do tamanho da Bélgica), que completou 50 anos no ano passado.

A saga desses irmãos é contada no filme “Xingu”, que estreia na sexta-feira, dirigido por Cao Hamburger, de “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2006), com Felipe Camargo (Orlando), João Miguel (Cláudio) e Caio Blat (Leonardo) no elenco. O longa teve um orçamento de R$ 14 milhões, alto para os padrões brasileiros (“Tropa de Elite 2”, por exemplo, foi de R$ 16 milhões) e será distribuído em 250 salas. Esse investimento é justificado pelas belíssimas locações (não há cenas em estúdios), feitas no Tocantins, Pará e Mato Grosso – Estado este onde está o Parque do Xingu, na porção sul da Amazônia brasileira. “Graças à preservação do parque, aquela região ainda mantém mata nativa”, diz Caio Blat.

Por causa do trabalho de proteção dos índios, os Villas-Bôas, representados por Orlando e Cláudio (Leonardo já havia morrido), chegaram a ser indicados ao Prêmio Nobel da Paz em 1971. “Temos um projeto de transformar esse filme numa minissérie da Globo”, afirma Cao. O roteiro aborda os 40 anos de atuação dos irmãos no Xingu, resumidos em 104 minutos de projeção, desde o engajamento deles na Marcha até se tornarem líderes das expedições e encarregados pelo exército no contato com os índios.

Toda essa aventura é mostrada com suas contradições e acertos. Por exemplo, quando os irmãos levaram a gripe para uma tribo, dizimando metade da população local. Daí, eles passaram a ter acompanhamento de médicos que vacinavam os índios. Ou quando Leonardo engravidou uma índia, e foi repreendido pelos irmãos e forçado a abandonar a expedição. O longa mostra ainda a antagônica relação deles com os governos civil e, depois, militar. Em comum, entre os dois governos, apenas a sede expansionista. Por ali, os únicos preocupados com a preservação parecia ser os irmãos, enquanto o governo queria devastar a floresta para criar gado e lavouras.

Ao todo, os Villas-Bôas abriram 1,5 mil quilômetros de picadas, percorreram mil quilômetros de rios, construíram 19 campos de pousos, ajudaram a fundar 43 vilas e contactaram 14 tribos.

Baseado no livro Marcha Para o Oeste (1994), de Cláudio e Orlando Villas-Bôas, o filme não é totalmente fiel à história dos irmãos, modificando algumas passagens e romanceando outras. “Numa tribo indígena, diziam que Orlando era um tirano que os obrigou a migrarem para o Xingu. Em outra, dizem que ele foi um herói. É uma história cheia de contradições”, diz Cao. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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