Uma estátua de Napoleão, encomendada pelos mercadores venezianos ao escultor Domenico Banti em 1811, em homenagem ao imperador francês, retornou a Veneza, depois de 200 anos de sumiço. Sua volta gerou porém intensa polêmica, pois os venezianos não esquecem que Napoleão invadiu e dominou Veneza em 1797, cedendo-a depois, em 1814, à Áustria. Só mais tarde, em 1866, a cidade voltaria a fazer parte da Itália.

A estátua de 2,5 metros representa Napoleão na sua tradicional postura imperial. Ele está com uma capa jogada nos ombros, o braço direito erguido e segurando na mão esquerda uma esfera. A estátua, colocada originalmente na Piazza San Marco, em Veneza, desapareceu quando os austríacos tomaram conta da cidade, em 1814.

Em janeiro do ano passado, ela foi arrematada num leilão da Sotheby´s de Nova York por US$ 335 mil, pelo comitê francês de salvaguarda dos monumentos históricos de Veneza. O comitê doou gratuitamente a obra ao Museu Correr de Veneza.

O mais entusiasmado com a iniciativa foi o próprio presidente do comitê francês, o historiador Jerôme-François Zieseniss, que chegou a comparar a obra à estátua de Marco Aurélio que adorna hoje a Praça do Capitólio, em Roma. O prefeito de Veneza, Paolo Costa, recebeu bem a doação, dizendo que “o monumento representa uma parte importante da história da cidade”.

Mas os italianos não perdoam Napoleão por ter posto fim a mais de 1.100 anos de independência da antiga república veneziana. Lembram, também, que seu domínio trouxe muita destruição. O imperador francês demoliu dezenas de palácios e igrejas históricas para construir “as suas obras”. Uma delas, o atual prédio do Museu Correr, que foi construído para servir de salão de baile da corte napoleônica. Além disso, ele carregou consigo inúmeras obras de arte da cidade como “As bodas de Caná”, de Veronese, que hoje se encontra no Museu do Louvre.

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