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Espaço paga o preço por não querer se reinventar

O Hangar 110 pretende se manter fiel ao modelo que o colocou entre as casas independentes mais famosas de São Paulo, pelo menos é o que garante o dono Marco Alemão. “O Hangar nunca teve patrocínio de ninguém. Nós sempre apostamos em bandas com repertório autoral na faixa matinê. Todas as apresentações terminam às 23h30 para que as pessoas possam usar o transporte público. Não queremos apelar para bandas cover ou baladas, como muitas casas fizeram nos últimos anos. Vamos nos manter fiel ao nosso estilo até o fim”, diz Alemão, que não sabe ainda quando o Hangar vai encerrar suas atividades. “Temos shows marcados até março do ano que vem. Não posso cravar uma data, mas a ideia é que funcione até o fim do ano”, conclui.

Casa vazia

A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo esteve no Hangar 110 no último domingo, 23, para assistir a um festival de bandas independentes. Vazio, cerca de 40 pessoas viram a performance das bandas Explain Away, Orgânico, Los Tres Acordes, Radiofônika e Rumo norte.

“O sonho de qualquer banda de hardcore era tocar no Hangar 110. Essa é a primeira vez que nos apresentamos aqui. É muito difícil ser independente no Brasil. Sem o Hangar, vai ficar ainda mais complicado”, diz Antônio, baterista da grupo de hardcore Explain Away. “Não tem como falar sobre punk e hardcore sem citar o Hangar 110. Isso aqui é um verdadeiro santuário”, afirma Akira, vocalista do Los Tres Acordes.

O técnico de som holandês Tom Bicker, 61, trabalha no Hangar 110 desde a abertura da casa, em 1998. Com a confirmação do fechamento do local, ele ainda não sabe o que fará. “O Hangar é o meu segundo lar desde que vim para o Brasil. Já vi muita coisa acontecer aqui, desde pedidos de casamento a garotas que rasgaram as blusas e ficaram com os seios para fora. Também presenciei alguns shows históricos e monumentais. Vai ser impossível substituir esse vazio que o Hangar vai deixar. Todas as minhas lembranças no País estão atreladas a ele”, complementa o holandês.

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