Orgulho

Escritor Dalton Trevisan recebe Prêmio Camões de Literatura

A mais importante láurea literária da língua portuguesa, o Prêmio Camões foi concedido ao escritor curitibano Dalton Trevisan, de 86 anos. O prêmio é atribuído aos escritores que tenham contribuído de forma profunda para o enriquecimento literário e cultural do idioma português. O anúncio feito ontem pelo secretário de Estado da Cultura de Portugal, Francisco José Viegas, destaca que a escolha do “Vampiro de Curitiba” (título de seu livro mais famoso) foi por unanimidade e que o escritor curitibano fez “uma opção radical pela literatura enquanto arte da palavra”.

Dalton Trevisan é arredio. Ele guarda a sete chaves sua intimidade, não dá entrevistas, não se deixa fotografar, provocando frustração em muitos pela sua recusa irrevogável. A quem lhe pede entrevistas, responde que, para saber mais de sua vida, basta ler seus livros. E como não faz comentários sobre nada, o seu editor – Sérgio Machado, presidente do Grupo Editorial Record que publica quase toda a sua obra, já que outra parte sai pelo selo gaúcho LP&M – tratou de falar sobre o assunto. “É um imenso orgulho ter em nosso catálogo um escritor como Dalton Trevisan, consagrado pela crítica, pelos leitores, tantas vezes vencedor de importantes prêmios literários no Brasil e que agora recebe este valiosíssimo reconhecimento em Portugal. Poucas vezes um prêmio literário foi tão merecido como este”, disse Machado.

Coleção

O Camões vem se somar a uma galeria de outros vencidos por Dalton Trevisan, entre eles o Jabuti 2011, na categoria contos, com Desgracida. Recebeu, ainda, em 1996, o Prêmio Ministério da Cultura e Literatura pelo conjunto da obra. Em 2003, ganhou o Portugal Telecom com Pico na veia e, em 2007, o segundo lugar do mesmo prêmio com Macho não ganha flor. Ele não foi à entrega do prêmio, mas escreveu um texto de agradecimento, que a gente reproduz aqui, ao lado de sua caricatura. Em 2008, recebeu Prêmio Clarice Lispector da Fundação Biblioteca Nacional por O maníaco do olho verde.

Grana e prestígio

Esta foi a 24ª. edição do prêmio criado com o objetivo de intensificar as relações entre Brasil, Portugal e nações lusófonas e cujo conselho de jurados foi formado por seis representantes de Portugal, Brasil, Moçambique e Angola. O vencedor leva 100 mil euros, além do prestígio que a honraria confere ao autor. Entre os brasileiros contemplados em anos anteriores pelo Camões, destacam-se João Cabral de Melo Neto (1990) e Ferreira Gullar (2010), ambos poetas. Entre os portugueses, venceram José Saramago (1995) e Antônio Lobo Antunes (2007).