Em defesa da história do Paraná

Paranista apaixonado, o professor e escritor Hermógenes Lazier não se conforma com a maneira superficial com que a história do Paraná é abordada nos currículos escolares: “Poucos conhecem. Quase não se estuda. Entretanto, nosso Estado salvou a República com o Cerco da Lapa e as negociações do barão do Cerro Azul, que desarticularam as tropas federalistas. Curitiba foi a matriz do tropeirismo na região Sul. Daqui o tropeirismo se estendeu para o segundo e o terceiro planalto paranaense, para os campos catarinenses e riograndenses, para Sâo Paulo e Minas Gerais, exercendo papel decisivo na unidade nacional. Não foram os bandeirantes paulistas que conquistaram o Sul para o Brasil, e sim o tropeiro curitibano ao transportar gado dos Campos Gerais para esses estados”, defende para exemplificar nossa importância no contexto da federação.

Com o objetivo de contribuir para que os paranaenses conheçam um pouco mais de sua própria história, Lazier está lançando o livro Paraná: terra de todas as gentes e de muita história, dirigido ao leitor comum e, principalmente, aos professores: “Para mudar esse estado de coisas, é necessário incrementar o ensino da história do Estado. É necessário vontade política para tanto, além de preparar professores para dar mais ênfase a esse estudo. Minha intenção ao escrever esse livro foi colaborar nesse sentido”, explica.

Temas regionais

O livro tem 21 capítulos, 320 páginas e resulta de vinte meses de trabalho, “além da pesquisa de toda uma vida como professor de História”. Lazier preferiu dividi-lo por temas, sem seguir uma ordem cronológica. Ele vai da chegada de Cabeza de Vaca ao sistema de produção de energia elétrica, passando pela conquista dos sertões, o tropeirismo, a evolução política, as classes dominantes, a estrutura agrária e a luta pela terra, a organização e a luta dos trabalhadores. Trata do Paraná Espanhol, no qual ressaltam as missões jesuíticas de Guairá, e aborda os vários ciclos econômicos – ouro, erva-mate, madeira, café, soja e industrialização – que estimularam o crescimento paranaense. Não deixou de fora questões polêmicas, como o genocídio das nações indígenas.

Hermógenes Lazier abriu amplo espaço para a trajetória política paranaense da segunda metade do século XX, tema que ainda não entrou na agenda de historiadores locais, e nesse aspecto explora as relações entre lideranças como Bento Munhoz da Rocha Netto, Ney Braga e outras mais recentes. O último capítulo discute a construção da infra-estrutura do Estado.

No espaço destinado aos agradecimentos, não economizou. Incluiu desde sua família até professores, amigos, colaboradores, companheiros de luta e, é claro, “os camaradas da luta politica na qual milito desde 1950 – Partido Comunista do Brasil, Partido Comunista Brasileiro e Partido Popular Socialista – a quem devo minha firmeza ideológica e a concepção dialética da realidade”. Este é seu sétimo trabalho, numa obra que tem seu conjunto sempre pontuado pela temática regional.

Paraná, terra de todas as gentes… será lançado na terça-feira, às 18 horas, no salão nobre da Assembléia Legislativa, com presença do presidente da Casa, deputado Hermas Brandão (PSDB), e do presidente da comissão do sesquicentenário do Paraná, deputado Rafael Greca (PMDB).

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