Elizabeth Savalla aponta o companheirismo como ingrediente do sucesso

Elizabeth Savalla compara o elenco de uma novela a um time de futebol. Tem de estar entrosado, em plena forma física e ser bem orientado pelo treinador. Para a intérprete da intrépida Jezebel, é justamente o que está acontecendo com os atores de Chocolate com Pimenta. A novela das seis da Globo vem mantendo uma excelente média de audiência, em torno de 40 pontos. “Também não acredito em jogador que só fica na banheira esperando a bola e fica danado quando ela não chega. Antes de tudo tem de se pensar no conjunto e este é o segredo do sucesso”, pondera esta paulistana de 48 anos.

Na verdade, bastam alguns segundos ao lado de Elizabeth para perceber o seu alto-astral. Nem mesmo as inúmeras mudanças de figurino e a troca de maquiagens pesadas que sofre em um único dia de gravação a tira do sério. Pelo contrário. A atriz geralmente passa mexendo com os colegas de elenco pelas salas do Projac e dá risada das enrascadas que a personagem se mete na trama. “Mudo de maquiagem umas cinco vezes por dia e vira e mexe levo uma torta na cara. Mas não me importo, porque estou amando a Jezebel”, afirma. Chocolate é a segunda novela de Walcyr Carrasco que Elizabeth participa em 28 anos de carreira na tevê. Quando apareceu como a beata Imaculada de A Padroeira, em 2001, a atriz estava longe das novelas desde Quem é Você, de 1996. Mas Elizabeth já havia se afastado da tevê antes, depois de fazer Hipertensão, em 1986, e só retornou, na minissérie Meu Marido, em 1991. As duas vezes em que decidiu dar um tempo de novelas foi pelo mesmo motivo: se dedicar ao teatro. “Parei porque precisava me reciclar, pois para mim o teatro é a base para qualquer ator”, explica.

Reflexos televisivos em Portugal

Elizabeth Savalla guarda com carinho algumas passagens de sua carreira. Uma delas foi em Portugal, por exemplo, por conta de sua participação em Gabriela, primeira produção da Globo que foi exibida na emissora portuguesa RTP. A novela foi sucesso por lá até mesmo na reprise. Para aumentar a fama de Savalla, Pai Herói também foi exibida com sucesso no país lusitano. Tanto que quando Savalla visitou Portugal, em 1982 não conseguia andar sem segurança pelas ruas de Lisboa.

A atriz recorda que durante esta viagem estava a caminho da cidade do Porto quando teve um problema de vesícula que a forçou a dar entrada num hospital. Savalla achou estranho, porque quando chegou, tinha poucos atendentes no local. Logo explicaram que a maioria tinha ido para casa assistir à novela Pai Herói. A enfermeira então ligou para a médica, dizendo que a “menina Carina” – personagem que vivia na trama de Janete Clair – estava no hospital para ser atendida. “A médica não acreditava que eu estava lá e quando chegou tremia tanto que eu não sabia se ia ficar melhor ou pior depois do atendimento”, alegra-se.

Elizabeth também lembra de um dia inusitado, em que “morreu” duas vezes. Foi quando ela gravou a morte de sua personagem Mariana no filme Pra Frente Brasil, de Roberto Faria, de manhã, no Rio de Janeiro, e embarcou para São Paulo para “bater as botas” no papel de Roseli de Plumas & Paetês, no período da tarde. “Em vez de ficar deprimida, dei muita risada da minha morte dupla em apenas um dia. São situações como esta que valem a profissão”, afirma a atriz.

Uma viagem ao passado

Elizabeth Savalla tem uma excelente memória. A atriz lembra detalhadamente a maioria das personagens que interpretou. E não são poucas: está na sua 15.ª novela e participou das minisséries Meu Marido, em 1991, Sex Appeal, em 1993, e A Justiceira, em 1997. Alguns exemplos:

– Gabriela, de 1975 – Malvina, estudante feminista. “A Malvina foi como o slogan daquela propaganda: ?o primeiro a gente nunca esquece?”.

– Estúpido Cupido, de 1976 – Angélica, estudante. “Cortada pela censura. Ela era um ex-presa política que vira freira”.

– O Astro, de 1977 – Lili, taxista do subúrbio carioca. “A Lili ia contra o meu biotipo: era povão, tinha cabelo crespo, era motorista…”.

– Pai Herói, de 1979 – Carina, bailarina. “Se o Avancini foi como um pai, a Janete Clair foi como uma mãe para mim. Com esta novela e a anterior, ela me alçou à condição de protagonista”.

– De Quina Pra Lua, de 1986. Mariazinha, manicure. “A novela só não foi um estouro porque o público das seis não estava acostumado com comédia”.

– A Padroeira, de 2001 – Imaculada, beata. “Foi marcante por ter sido o último trabalho com o Avancini e o primeiro com o Walcyr Carrasco”.

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