É tempo de boa música

Depois de muita negociação e sufoco, com um orçamento quase desidratado de tão enxuto (R$ 150 mil, dos R$ 450 mil previstos inicialmente), começa hoje às 20h30 no Teatro HSBC o 4.º Festival de Música de Câmera de Curitiba e Jazz Fest/MPB, evento anual promovido pela Araucária Produções com o objetivo de estimular grupos e instrumentistas e oferecer ao público paranaense a oportunidade de conhecer o que há de melhor no gênero.

Este ano o patrocínio “suado” é da Petrobras, com apoio do HSBC, Universidade Federal do Paraná e Escola de Música e Belas Artes. O concerto de abertura será com os cariocas do Quarteto Paulo Bosísio, mais o Sexteto Brassil, da Paraíba, com participação especial da pianista carioca Maria Tereza Madeira. O Paulo Bosísio é um dos mais jovens conjuntos de arcos do Rio de Janeiro, surgido em 2001 em Copacabana, fruto da convergência de interesses dos seus integrantes pela música de câmera de alto nível.

Já o sexteto paraibano, que se diz “apaixonado por Curitiba”, tem muito mais estrada. Foi criado em 1980 em João Pessoa, por professores da Universidade Federal da Paraíba e instrumentistas da Orquestra Sinfônica do Estado, e nesses quase 25 anos conquistou o respeito das platéias e críticas do Brasil e do exterior. Com o repertório centrado na música brasileira, o Brassil interpreta desde compositores consagrados, como Guerra Peixe e Villa-Lobos, até nomes menos conhecidos. E ainda traduzem para a linguagem camerística criações de artistas populares, como Luiz Gonzaga e outros.

O festival segue até a próxima segunda, com apresentações de grandes nomes nacionais – como os duos cariocas José Hue & Kátia Balloussier e Aura, o quarteto paulista Quaternaglia e o grupo de percussão da UFPR – e internacionais, como o quinteto de sopros chileno Ensamble XXI e o grupo franco-brasileiro Berimbaron.

Além dos concertos, o festival conta ainda com aulas abertas na parte da manhã, oficinas de produção sonora e lutheria, workshops, palestras e o Concurso Bianca Bianchi, no qual os instrumentistas selecionados poderão mostrar os seus conhecimentos, sendo que os melhores serão convidados para cursos, concertos-prêmios e recitais nas cidades de origem dos grupos convidados.

Diferenciais

“Nossa intenção é incentivar a formação de grupos de câmera, e aperfeiçoá-los com o intercâmbio oferecido pelos grupos e artistas convidados, nesse sistema de contrapartidas”, resume a diretora-geral do evento, Cloris Ferreira. “E esses são os grandes diferenciais do festival”.

Outra atração será o Simpósio Almeida Prado, que vai acontecer das 13h30 às 16h na UFPR, e vai expor a linguagem e a obra do compositor paulista José Antônio Resende de Almeida Prado, culminando num concerto com os grupos convidados em homenagem ao mestre, que acontece às 20h30 de segunda no Teatro HSBC.

Extrapolando a seara da música erudita, o evento promove o Concurso Maestro Gaya, aberto a grupos semiprofissionais de jazz, blues e MPB, e que vai acontecer todas as noites, a partir das 23h, no Hermes Bar (Av. Iguaçu, 2.504).

Este foi o braço do festival que mais encolheu com os cortes orçamentários que se fizeram necessários. O ajuste inviabilizou as apresentações de Guinga e Hermeto Pascoal, previstas originalmente. Em compensação, a pianista carioca Maria Tereza Madeira e o violinista francês Nicolas Krassic vão interpretar composições de Ernesto Nazareth, aproveitando o lançamento do CD da pianista, na próxima sexta, às 19h, no Teatro HSBC.

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O pacote integral custa R$ 60, ou R$ 40 como ouvinte em todas as atrações; as inscrições para cada oficina ou curso custam R$ 20, e a taxa cobrada por músico ou grupo popular no Concurso Maestro Gaya ou Bianca Bianchi, é de R$ 10. Para o público, os ingressos custam R$ 3. Mais detalhes e a programação completa no site www.araucariaproducoes.com.br.

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