Docentes alemães cansaram de falar sobre Hitler

Professores alemães radicados no Reino Unido não suportam mais a “obsessão britânica por Adolf Hitler”, afirmando que não conseguem ensinar algo diferente a respeito da Alemanha aos alunos britânicos, numa controvérsia que já alcançou os governos e motivou uma reunião dos ministros da Educação dos dois países.

O ministro da Instrução britânico, Charles Clark, viajou a Bonn para reunir-se com seu colega alemão, Edelgar Buhlmann, depois que este manifestou a “frustração” da Alemanha pela maneira com que o país é tratado nos livros escolares britânicos.

Para o ministro alemão, mais de meio século após o fim da II Guerra, as crianças britânicas continuam estudando “muito” sobre Hitler e o nazismo, sem conhecer a cultura e a história alemãs em sua totalidade.

Clarke recusou-se porém a reduzir o espaço ocupado pelo ditador alemão no ensino da história moderna. “Se penso que há uma sistemática distorção da história alemã, para apresentar uma visão equivocada da Alemanha moderna? A resposta é não”, afirmou logo após a reunião com Buhlmann.

Apesar disso, o ministro britânico admitiu ser necessário encontrar uma forma “mais equilibrada” para abordar a história da Alemanha.

A reunião, coincidentemente realizada no mesmo hotel onde o ex-primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain manteve conversações com Hitler em 1938, foi organizada pelo embaixador alemão em Londres, Thomas Mattusek, empenhado em mostrar uma Alemanha “mais completa”, não limitada apenas aos trágicos anos do regime nazista.

Segundo o jornal “The Times”, não só professores, mas alunos alemães matriculados nas escolas britânicas estão assombrados com a importância dada ao nazismo. “Há mais aulas centradas na Alemanha de Hitler que sobre qualquer outro tema da história britânica ou internacional”, destaca o diário.

“Mas os professores afirmam que os alunos protestam se tentam abordar outros assuntos”, acrescentou o jornal. Segundo Michael Weaver, professor da Woodbridge School de Suffolk, “o Holocausto continua a ser um dos assuntos preferidos dos adolescentes”.

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