‘Do Amor e Outros Demônios’ é atração da Mostra de SP

Não é fácil adaptar o realismo fantástico de Gabriel García Márquez ao cinema. Tende-se a cair no exagero ou, no extremo oposto, na neutralização do discurso fantasioso de Gabo, em nome do realismo. A estreante Hilda Hidalgo, da Costa Rica, surpreende ao encontrar a justa medida na versão para tela do romance “Do Amor e Outros Demônios”, que será exibido hoje na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ela faz uma adaptação sóbria, mas bastante próxima ao espírito da obra do escritor colombiano.

Verdade que este romance talvez não proponha tantas dificuldades como outros do escritor – em especial a sua obra-prima, “Cem Anos de Solidão”, que não ainda não encontrou cineasta que o enfrente (dizem que Gabo o reservou, como herança, ao filho Rodrigo García).

A história de “Do Amor e Outros Demônios” é a de uma garota mordida por um cão, que é internada num convento sob suspeita de estar possuída pelo demônio. Não foi inventada pelo escritor. Faz parte da mitologia colombiana. Gabo a descobriu quando, ainda repórter, foi cobrir a demolição do antigo Convento de Santa Clara. Lá ouviu falar na lenda da menina de longos cabelos vermelhos que se apaixona pelo padre incumbido de submetê-la ao exorcismo. Como ficcionista, Gabo tomou o que lhe contaram como base para a história que constrói com sua imaginação. O resultado é uma meditação sobre o poder subversivo do desejo, e a opressão que, com todas as suas máscaras (ou como nenhuma delas), tenta mantê-lo reprimido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Do Amor e Outros Demônios – Cinemateca – Sala BNDES – Hoje, 16h30. Belas Artes 2 – Sábado, 20h10.

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