Diego e Frida

Revolucionário, ativista político, mulherengo, boêmio, Diego Rivera viveu 14 anos na Europa, onde se tornou amigo de Modigliani, Hemingway, Picasso e Trotsky. Fez seu aprendizado na Espanha, mas foi em Paris que se ligou às vanguardas européias, de onde voltou trazendo uma bagagem culturalmente forte, logo reconhecida em sua pátria e nos Estados Unidos.

Foi um grande estudioso dos afrescos italianos, de Tiziano a Miguel Ângelo, com quem aprendeu a moldar a figura humana das massas em movimento. Adaptou os painéis clássicos ao mundo latino-americano. Ao lado de Orozco e Siqueiros fundou a mais poderosa escola de pintura que se tem notícia no Novo Mundo.

O muralismo é uma arte complexa, de forte conteúdo social e nacional, misturando motivos religiosos com utopias socialistas e agrárias. Mesclando o mundo pré-histórico com deusas do sexo, numa fantástica iconografia, resultando em afrescos de excrescências monstruosas, fortes e belas.

Casado durante décadas com a mexicana voadora Frida Kahlo, Diego Rivera e seu trabalho sempre foram polêmicos, agressivos, como tudo que caracterizou a geração de 1917. Pintou mais de quatro mil metros de murais. Destacam-se os painéis do Rockfeller Center em Nova York e a série plático-filosófica da “Criação do Mundo”, onde deuses foram substituídos pelos reformadores. Mas não viveu para ver o fracasso de seus sonhos e utopias.

No domínio ainda machista das artes plásticas, a pintora mexicana Frida Kahlo foi uma das poucas mulheres a se destacar mundialmente. Filha de alemã com índio, começou a pintar aos 18 anos, quando sofreu terrível acidente que quase lhe esmagou a coluna vertebral.

De seu leito de enferma, como não podia trabalhar com telas grandes, começou a fazer pequenos auto-retratos, onde seu rosto convulsionado e triste revela a dor que sentia.

Mas foi depois do casamento com o gigante muralista Diego Rivera – pintor de grandiosos afrescos de revoluções e barbarismos – que seu nome cresceu no meio artístico. Apresentada ao círculo internacional da grande arte, em Paris, não perdeu as ligações com sua terra mexicana, elaborando quadros onde o real é tão verdadeiro quanto o irreal, vasos comunicantes entre o sonho e o despertar.

Um acabamento cuidadoso nas associações entre o ser humano e a natureza – o homem e o animal – Frida e Diego, revolucionários e ateus, pareciam ter fé em algo superior, aprofundando-se em regiões abissais, oníricas, algo próximo do surrealismo, do primitivismo e até mesmo – da loucura…

Frida morreu em 1954. E Diego Rivera pouco depois, em 1957.

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