A bolha de plástico que foi feita artesanalmente para a performance DNA de Dan, encenada neste sábado e domingo, 12 e 13, no Sesc Belenzinho, é totalmente nova. A anterior foi destruída na ação da Polícia Militar que levou detido o performer Maikon Kempinski durante sua apresentação no Museu Nacional da República, em Brasília.

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Ele lembra que havia se preparado no dia 15 do mês passado, como habitual, no projeto que integra a programação do Palco Giratório, do Sesc. Sobre seu corpo nu é depositada uma mistura à base de gelatina que seca totalmente em um período de três horas. Nesse tempo, Kempinski fica imóvel, com respiração baixa para que a substância não se rompa com o movimentos do diafragma. “Faz parte de uma pesquisa sobre o xamanismo como criador de realidades. Nesse caso, busco o arquétipo da serpente, tida por muitas culturas como fundadora da vida. Uma compreensão que surgiu antes mesmo que a ciência descobrisse que a forma do DNA possui silhueta semelhante a serpentes entrelaçadas”, conta. Abrigado por essa bolha translúcida, o performer coberto pela gosma acaba criando uma experiência futurista, quase alienígena. “O nu nem é uma discussão. É só um recurso para mostrar que estou despido de qualquer cultura. Não há conotação sexual.”

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Nada disso impediu que a PM abordasse a produção sob a acusação de que “havia um homem pelado na praça.” O performer lembra que em outras cidades, a polícia também havia questionado os responsáveis, mas que após explicar que se tratava de uma obra artística, a performance não foi interrompida. “Em Brasília, a polícia rompeu a bolha e avisou que iria me prender ali mesmo.”

Na delegacia, o artista assinou um termo circunstanciado e foi liberado, mas deve responder por ato obsceno enquanto conta com o apoio da assessoria jurídica do Sesc. Em nota, a instituição lamentou o ocorrido: “O Sesc reafirma sua missão de atuar na democratização da cultura”, informou.

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Dias depois, o artista recebeu uma ligação do secretário de Cultura da cidade, Guilherme Reis, e do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. Ainda em nota, “o governo acredita, apoia e incentiva a livre manifestação artística”.

Kempinski conta que chegou a pedir para terminar o trabalho que foi interrompido. “Vou voltar com muito entusiasmo, mas também com um pouco de medo, ao lembrar tudo o que aconteceu”, avisa. O artista paranaense vai reapresentar DNA de Dan no dia 2 de setembro, às 15 horas, dentro da programação e no mesmo espaço, na praça do Museu Nacional.

DNA DE DAN

Sesc Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1.000, telefone

2076-9700. Sáb., 20h, dom.,

17h. Grátis. Até 13/8

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.