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Desenhos de Waltercio Caldas em mostra e livro

Com coordenação editorial de Charles Cosac, diretor da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, o livro Os Desenhos, que reúne obras de vários períodos do artista carioca Waltercio Caldas, será lançado nesta sábado, 7, às 12 horas, com uma exposição de 35 trabalhos seus, na Galeria Raquel Arnaud. O livro, publicado pela Editora Bei, traz um ensaio escrito por Lorenzo Mammì, diretor de programação do Instituto Moreira Salles (IMS), em que o crítico analisa como Caldas, recorrendo ao surrealismo, ao dadaísmo, ao neoconcretismo e à arte conceitual, afirmou sua autonomia artística e se tornou um dos vetores da arte contemporânea brasileira.

Mammì escreve, em seu ensaio, que Waltercio Caldas, entre os artistas, “foi o que soube tirar do neoconcretismo as consequências mais ricas”, chamando também a atenção para o uso da herança do dadaísmo e do surrealismo em sua obra, particularmente em seus desenhos. O desenho, para Waltercio Caldas, não é um projeto racional que se contrapõe à sensualidade da escultura ou da pintura. A contemplação de seus trabalhos, diz Mammì, “nunca se reduz a pura visibilidade”. O Qu

e interessa ao artista, conclui, “não é o conceito da coisa, mas suas infinitas aparências”.

Em outras palavras, não se trata de abusar do conceito, como fez o americano Joseph Kosuth, seu contemporâneo (o artista brasileiro, nascido em 1946, é um ano mais novo). “Nunca um objeto ou uma imagem de Waltercio poderiam ser substituídos por uma definição, à maneira de Kosuth, porque não é possível estabelecer de uma vez por todas qual seria o objeto ou a imagem a serem definidos”, escreve Lorenzo Mammì no livro.

Waltercio conta que o livro está em preparo há mais de três anos. Há nele desde desenhos feitos em 1975, quando um grupo de artistas e críticos criou a revista Malasartes, da qual Waltercio foi editor, até trabalhos mais recentes, de 2014. Nenhum deles é projeto ou esboço para esculturas. “Não uso o papel como superfície, e sim como espaço, o que me libera, pois todas as minhas questões são tridimensionais”, explica.

Waltercio, esclarece Lorenzo Mammì no livro, “não constrói formas, muito menos estruturas, mas situações”. O crítico inglês Guy Brett, que levou a obra dos neoconcretos brasileiros para Londres ainda nos anos 1960, escrevendo a respeito do artista num livro publicado em 2016 pela Fundação Cisneros, pergunta, afinal, que abstração é essa que usa elementos reais como um copo ou um peso? É justamente essa “exatidão e estranhamento” (palavras de Mammì) que podem fornecer uma pista ao espectador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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