Depois da aids, escritora fala aos teens

São Paulo – Autora de Depois Daquela Viagem -Diário de Bordo de Uma Jovem que Aprendeu a Viver com Aids, lançado em 1997, a paulista Valéria Piassa Polizzi, lança hoje em São Paulo o seu terceiro livro – Enquanto Estamos Crescendo (Ed. Ática, 128 págs., R$ 17,90). Ao contrário de sua autobiografia, em que ela conta que contraiu o vírus HIV aos 16 anos, numa relação sexual sem preservativo com o primeiro namorado, Valéria reúne neste livro 30 crônicas que tratam de temas comuns no universo adolescente, como família, escola, namoro, amizade, ética, preconceito, violência e, claro, sexualidade.

A identificação do público jovem com os textos de Valéria se comprova nos mais de 200 mil exemplares vendidos de seu primeiro livro, e na coluna mensal que ela assina, desde 1998, na revista Atrevida, e que rendeu sua primeira coletânea de crônicas, Papo de Garota, lançada em 2001. Por três anos, de 1998 a 2000, Valéria viajou pelo Brasil dando palestras em escolas sobre aids e prevenção. Em 2001, casou-se e foi morar na Áustria.

“Até então, o assunto aids era muito presente e eu muito militante. Foi importante dar um tempo, deixar coisas novas entrarem na minha vida. De volta ao Brasil, eu e meu marido optamos por morar no litoral paulista por uma melhor qualidade de vida. E, com Enquanto Estamos Crescendo, quero retomar meu contato com as escolas”, conta a autora.

“Hoje, entretanto, se eu voltar a dar palestras o tema central será adolescência, pois acho que está tudo relacionado. Não dá para falar de aids e prevenção sem falar de ética, educação, relacionamento e violência”, completa. “Acho que a violência é uma das grandes preocupações do jovem. Não só a das ruas, mas a violência dos direitos também. A falta de acesso a um estudo de qualidade é um exemplo”.

Tabu

Valéria acredita que o assunto sexo deixou de ser tabu. Mas isso, infelizmente, não garante segurança total. “O que se verifica é que o número de gravidez indesejada e contaminação pelo HIV continua alto”. Um bom exemplo está no texto Só Uma Vezinha, em que duas amigas conversam francamente sobre o tema. Dados recentes da ONU apontam que a cada 14 segundos um jovem com idade entre 15 e 24 anos é infectado com o vírus HIV. Segundo a autora, os tempos podem ter mudado, a moda, a música e as gírias podem ser novas. Mas as inquietações com as mudanças do corpo, os medos e as inseguranças em relação ao futuro ainda têm a mesma essência.

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