De perto todo mundo é

Rio

– Na entrevista de divulgação do longa-metragem Os Normais, de José Alvarenga Jr., que estréia hoje em 240 salas de todo o País, esta semana no Rio, Fernanda Torres adiantou como acredita que será a recepção do filme: “O público vai gostar, os críticos vão cair matando”. Ela acha uma perda de energia e de tempo querer polemizar em cima de um filme como Os Normais. “Foi feito para divertir e a única coisa que vocês (os críticos) vão conseguir é transformar a felicidade do público em culpa, por ter gostado”.

O filme baseado na sitcom da Globo dá a marcha-à-ré em relação à TV e, em vez de narrar um episódio esticado da história de Vani e Rui, faz o caminho inverso, mostrando o começo da relação deles. “Foi uma sacada inteligente da Fernanda Young e do Alexandre Machado” – Fernanda refere-se à dupla de roteiristas que ajudou Alvarenga Jr. a formatar Os Normais na televisão.

Ela adora o humor e o senso de observação dos dois. “Tinha horas em que eu ficava rindo sozinha, lendo o roteiro.” Luiz Fernando Guimarães também elogia a capacidade de observação da dupla, mas conta que, na TV, ele somava à qualidade do texto a sua disposição de voyeur, sempre olhando para os lados e vampirizando as pessoas (numa boa) para enriquecer os personagens. “Mais de uma vez os amigos comentaram comigo: ?Ontem você se baseou no fulano para fazer o Rui?. As próprias pessoas se identificam na TV, mas não se ofendem e comentam comigo”.

Marisa Orth e Evandro Mesquita completam o elenco principal. No filme, Mesquita casa-se com Fernanda e Guimarães, com Marisa, mas, graças a uma série de qüiproquós, que compõem o relato de 100 minutos, os casais se desfazem e surge uma só dupla – Rui e Vani. “A Marisa é uma cavalona”, define Guimarães. “Meu trabalho com ela é diferente do da Fernanda, o estímulo vem de outra maneira.” A Magda do Sai de Baixo sabe que humor é uma questão de timing. A falta de timing pode arruinar a melhor gag. Mesquita é outro que tem a noção do timing. “Ele dispara a piada na hora certa”, diz o diretor Alvarenga Jr., que aproveita a interrupção de Os Normais na TV para avaliar uma série de projetos, entre eles algumas idéias que lhe foram repassadas justamente por Mesquita.Hilário

Numa das cenas mais hilariantes do longa, talvez a mais, uma simples conversa sobre OB vira uma discussão sobre o tamanho da cavidade vaginal de Vani e do pênis de Rui. “Acho muito legal isso. São coisas de que a gente não fala porque tem vergonha ou por causa da hipocrisia social, mas que nos permitiriam viver muito melhor, se tivéssemos coragem de abordar francamente”, diz a atriz. A sitcom já ia mais longe que o habitual, em termos de palavrões, na Globo. Agora, liberou geral. “Você acha que tem muito palavrão?”, Fernanda pergunta. Antes mesmo que o repórter responda, o diretor José Jr. reconhece que tem, sim. O programa de TV situava-se numa faixa mais adulta, em que isso era permitido. O filme tem impropriedade até 14 anos. É um risco para Alvarenga Jr., mas os maiores sucessos de bilheteria do cinema brasileiro recente – Cidade de Deus e Carandiru -também são filmes para o público adulto.

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