De cartão telefônico a cartão de crédito

Curitiba abriga até amanhã o I Encontro de Multicolecionismo, que reúne colecionadores de cartões telefônicos, cédulas, moedas de todo o País, além de comerciantes e colecionadores exóticos. São pessoas que transformaram o simples acúmulo de materiais em aulas de cultura, onde cada exemplar tem uma história a ser contada. Há, também, aqueles que aproveitam para ganhar a vida com a comercialização.

“Fui infectado pelo micróbio do colecionismo”, afirma José Marques Barbosa, 73 anos, que se apaixonou pela arte de colecionar aos 7 anos. Conta que a mãe trabalhava em uma agência dos Correios, e ele sempre acabava ganhando alguns selos. Como não poderia deixar de ser, ele tem suas manias de colecionador: não conta para ninguém quantos exemplares possui e muito menos quanto valem. Mas explica: “É porque as pessoas que querem começar acabam desanimando e acham que nunca vão conseguir chegar a uma marca muito grande. Já vi acontecer muito disso”.

Enquanto alguns aproveitam para adquirir cultura, outros aproveitam para ganhar a vida. Elizeu Alexandre dos Santos, 27 anos, de Fortaleza, há 5 anos sustenta sua família comprando e vendendo cartões por todo o País. “Tinha uma coleção que comecei em Brasília, e quando cheguei em Recife vi que tinha muita gente interessada. Comecei a vender e vi que a atividade era lucrativa.”

Ele conta que a esposa não confiou muito, mas ele já conseguiu comprar uma casa e um carro. Há dois anos a renda mensal chegava a R$ 2 mil, hoje está por volta de R$ 700. Mas as vendas ainda continuam em alta: no dia 8 deste mês saiu de Recife com 160 mil cartões, passou por cinco lugares e já vendeu a metade. Elizeu vende desde séries completas a cartões avulsos. Os mais baratos custam R$ 0, 01 e os mais caros até R$ 2 mil, sendo que alguns já chegaram a R$ 10 mil. Os mais antigos e as séries com poucos exemplares são os de maior valor.

A telecartofilia surgiu no Brasil em 1992, quando as operadores trocaram as fichas pelos cartões telefônicos indutivos, tecnologia desenvolvida no País. Estima-se que os colecionadores brasileiros sejam cerca de três mil, mas o número sobe para um milhão se forem considerados aqueles os que apenas “guardam” os cartões. A Brasil Telecom está aproveitando o encontro para lançar um conjunto de 14 cartões sobre os Jogos Pan Americanos. Vão ter 40 créditos e tiragem de 75 mil. Hoje, na Biblioteca Pública do Paraná, será realizado um curso sobre a arte de colecionar. As inscrições podem ser feitas na hora e são gratuitas.

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