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‘Darín e Mercedes Morán são os violinos de minha orquestra’

No Festival do Rio, no ano passado, quando veio apresentar seu longa de estreia, Um Amor Inesperado, Juan Vera foi sincero com o repórter. “Talvez eu tenha querido ser diretor lá atrás, mas desde que entrei na faculdade de cinema a vida foi me empurrando para outras atividades. Fui roteirista, tornei-me produtor.

Gosto de produzir e, como tal, creio que sou capaz de dar contribuições importantes para os diretores com quem trabalho. Mas eu comecei a sentir como uma cobrança. “Quando você vai dirigir seu filme? A pressão foi grande e eu, que não tenho o gene do diretor, cedi. Agora que perdi certos medos, talvez volte a repetir a experiência e se o fizer será com um filme mais autoral, que realmente me motive.”

Do jeito que Vera fala, parece que Um Amor Inesperado não é um filme dele. “Não, por favor, terminei fazendo com gosto e creio que imprimi uma marca, mas no início foi uma mudança muito grande, eu diria até que traumática. Estou acostumado a chegar ao set e resolver problemas estruturais. Posso até opinar no roteiro, no elenco, mas na hora de filmar a responsabilidade é de quem está sentado na cadeira do diretor. E dessa vez era eu! Demorei alguns dias para relaxar, mas veja que essa foi uma ópera prima singular. O roteiro era muito bem escrito e exigiu mudanças mínimas. E decidida a questão do elenco, se você tem Ricardo Darín e Mercedes Morán tem os melhores. São os primeiros violinos da minha orquestra. Tivemos leitura, trabalho de mesa, eles opinaram sobre os personagens, pediram para mudar certas falas, mas quando começamos a filmar eu me preocupava mais com os aspectos técnicos. Com eles, era sentar e desfrutar o prazer de ver dois grandes atores que formavam uma dupla perfeita.”

Perfeita em termos, porque a história do filme é justamente a história de um casal que, aparentemente, vivia muito bem e o filho foi estudar fora. Sozinhos, experimentaram um vazio e resolveram se separar. A história é autobiográfica? Vera desconversa. “Todo filme é sempre autobiográfico.” O amor morreu ou só se transformou, e eles voltarão? “A vida está uma m… Problemas sociais, políticos, miséria, violência. Queria muito que, em meio à dificuldade cotidiana, as pessoas que forem ver Um Amor Inesperado saiam do cinema mais felizes. Não falo isso como o produtor que sempre fui, para ganhar dinheiro. Gostaria que esse fosse aquilo que os norte-americanos chamam de ‘feel good movie’. Um filme para tornar as pessoas felizes.” Graças ao elenco, é. Darín, que tem sido a cara do cinema argentino. Mercedes Morán, excelente, uma grande dama do cinema argentino. Mas não apenas eles. “Até o menor coadjuvante foi escolhido a dedo. Meu filme pode ter defeitos, mas certamente não no elenco. São todos ótimos”, garante o diretor, e está certo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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