Crítica é bondosa com Homem-Aranha 2

O Homem-Aranha está em crise. É um peso muito grande para Peter Parker (Tobey Maguire) ser um super-herói. A responsabilidade de usar o uniforme do aracnídeo fez o rapaz perder o amor de Mary Jane (Kirsten Dunst), o amigo culpá-lo pela morte de seu pai (Willem Dafoe, o Duende Verde, o vilão do primeiro filme) e ele próprio sentir-se responsável pela morte do tio e ter dúvidas sobre se quer continuar voando entre os prédios de Nova York e prendendo bandidos.

Homem-Aranha 2 foi exibido para imprensa sob forte aparato de segurança, tamanho o medo de pirataria. Com um enredo denso e personagens complexos, o filme estréia nesta quarta nos Estados Unidos e ocupa cerca de 600 salas brasileiras a partir de sexta-feira. É o maior lançamento de todos os tempos no país e supera em muitos quesitos o filme que inaugurou a franquia há dois anos, arrecadou US$ 822 milhões no planeta e atraiu 8,5 milhões de pessoas aos cinemas por aqui.

O longa contraria a tese de que toda continuação não passa de uma releitura do original e cujo intuito é apenas faturar. Do roteiro bem construído, passando pelos diálogos, ótimas piadas e os efeitos especiais de cair o queixo, tudo foi aprimorado nesta seqüência. Foi feito para ganhar dinheiro sim, porém não subestima a inteligênciada platéia.

Os dilemas íntimos de Parker são muito mais difíceis de derrotar que o vilão da trama, o cientista Otto Octavius (Alfred Molina) ou Dock Ock, criador de uma geringonça capaz de gerar energia e que, por um acidente, incorpora quatro tentáculos mecânicos que lhe dão a aparência de homem-polvo. Dominado pela máquina ele passa a perseguir o Aranha, a quem culpa por seu trágico destino.

O diretor Sam Raimi arma cenas vertiginosas. A câmera voa junto com o aracnídeo por entre prédios e ruas. A mais impactante de todas mostra o Homem-Aranha dando uma de Super-Homem ao segurar um trem em movimento. Noutra, Dock Ock provoca um rebuliço sem tamanho num hospital.

Os enquadramentos deixam clara a influência da HQ original no filme. Não à toa o orçamento saltou de US$ 139 milhões para US$ 200 milhões neste segundo longa-metragem por conta das trucagens. O que mais  chama a atenção no filme é o fato de mostrar heróis e vilões dotados de características humanas e, portanto, falíveis e sujeitos a crises de consciência.

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