Cristovão Tezza vence Prêmio Jabuti de melhor romance

O autor catarinense Cristovão Tezza venceu o Prêmio Jabuti 2008 de melhor romance, com “O Filho Eterno”. Os vencedores de 20 categorias do Jabuti foram divulgados hoje pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Na categoria romance, o segundo lugar foi para Bernardo Carvalho, com “O Sol se Põe em São Paulo” e o terceiro, para Bia Bracher, com “Antônio”. Ao receber a notícia sobre o prêmio, Tezza disse que já vinha observado uma boa acolhida do público ao seu livro, principalmente por meio da internet, com os e-mails que chegam até ele.

“O livro pegou, por conta da mistura de ficção com realidade. Faz o retrospecto de uma geração, aponta para as dificuldades de relação entre pai e filho e apresenta um painel dos últimos 30 anos de história do Brasil”, disse Tezza. Para ele, “trata-se de um livro de maturidade, que não mente nem faz média”.

Na categoria poesia, Ivan Junqueira conquistou o primeiro lugar com “O Outro Lado”, seguido por Marcus Vinicius Teixeira Quiroga Pereira, com “O Xadrez e As Palavras”, e Paulo Fernando Henriques Britto, com “Tarde”. O Jabuti de melhor livro de contos foi para Vera do Val por “Historias do Rio Negro”. “A Prenda de Seu Damaso e Outros Contos”, de Jorge Eduardo Pinto Hausen ficou em segundo lugar e “Fichas de Vitrola”, de Jaime Prado Gouvêa, em terceiro.

“1808”, de Laurentino Gomes, foi eleito o melhor livro de reportagem,seguido por “O Massacre”, de Eric Nepomuceno, e “Bar Bodega: Um Crime de Imprensa”, de Carlos Dorneles . Na categoria biografia, o vencedor foi Marco Antonio de Carvalho, com “Rubem Braga: Um Cigano Fazendeiro do Ar”.

Autor premiado

Nascido em Lages, Santa Catarina, em 1952, Cristovão Tezza virou um dos destaques da atual literatura brasileira desde o lançamento de seu primeiro livro, “Trapo”, publicado em 1988, que lhe deu projeção nacional. Em “O Filho Eterno”, Tezza traduz as dificuldades e alegrias das pequenas vitórias na criação de um filho com síndrome de Down.

Tezza recebeu o Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional de melhor romance do ano de 1998, por “Breve Espaço entre Cor e Sombra”. Com “O Fotógrafo”, conquistou o Prêmio da Academia Brasileira de Letras de melhor romance de 2005, e o Prêmio Bravo! de melhor obra, além do Prêmio Petrobras de Literatura pelo romance “Aventuras Provisórias”.

O escritor sempre viveu entre Santa Catarina e o Paraná. Nasceu em Lages e quando criança mudou-se, aos 10 anos, para Curitiba com a família. Casou-se pela segunda vez em 1984, e se mudou de Curitiba para Florianópolis, onde foi para trabalhar como professor de Língua Portuguesa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Voltou a Curitiba em 1986 e leciona até hoje na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Mais prêmios

Os melhores livros do ano nas categorias Ficção e Não-Ficção só serão conhecidos na cerimônia de entrega das estatuetas, no dia 31 de outubro, na Sala São Paulo. O Jabuti é o mais prestigioso prêmio das letras nacionais, hoje mais interessante pelo valor histórico (essa é a 50.ª edição) que pelo dinheiro ofertado – R$ 3 mil, quantia ínfima se comparada aos R$ 200 mil prometidos pelo Prêmio São Paulo de Literatura, instituído neste ano pela Secretaria Estadual de Cultura.

Na edição deste ano, a comissão julgadora analisou 2.141 obras. A premiação total do Jabuti 2008 é de R$ 120 mil, sendo que o primeiro lugar de cada uma das 20 categorias recebe R$ 3 mil. Os autores dos melhores livros do ano de Ficção e Não-Ficção recebem R$ 30 mil cada um.