O escritor Cristovão Tezza já tem o gancho de seu próximo livro: “será uma história de amor”. Porém, enquanto a obra ainda não começa a ser produzida, ele continua colhendo os frutos de seu último trabalho, O filho eterno, lançado pela editora Record e com o qual conquistou diversos prêmios.
“O filho eterno é um livro único na minha vida. Mas preciso de mais tempo para escrever. Minha vida está ficando muito atropelada. Quero ver se em 2009 tenho mais paz para escrever”, diz Cristovão, que ontem, na capital, participou de um bate-papo com o público na unidade das Livrarias Curitiba do Shopping Estação.
A relação de um pai com um filho especial é o tema de O filho eterno. Para escrever a obra, Cristovão se baseou em seu relacionamento com o próprio filho, Felipe, de 28 anos, que tem síndrome de Down.
Ele conta que, durante o processo criativo, não enfrentou problemas ao ter que lidar com as emoções geradas por todas as situações já vivenciadas na companhia do filho.
“Foi relativamente tranqüilo, porque eu já havia superado o problema pessoal. Eu tinha agora um problema literário a resolver, isto é, transformar aquele caos de emoções passadas em alguma coisa que tivesse unidade temática e estrutural, configurada na forma composicional do romance. Quando decidi me transformar em personagem (o livro está escrito na terceira pessoa) a narrativa avançou”, comenta.
Porém, o escritor revela que demorou mais de vinte anos para conseguir amadurecer a idéia de transformar uma experiência pessoal em obra literária. “Era como se o tema, absurdamente, não tivesse consistência literária, pelo menos na minha cabeça. De uns anos para cá comecei a me sentir mais seguro para enfrentá-lo.”
Entre os prêmios que O filho eterno já conquistou estão o Jabuti de melhor romance, o de melhor obra de ficção pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), o prêmio Bravo! de livro do ano e o primeiro lugar no prêmio Portugal-Telecom de Literatura em Língua Portuguesa. A obra também já foi vendida para Itália, Portugal, França, Austrália, Nova Zelândia e Espanha (em espanhol e catalão).