Contra a ditadura do belo

Pipoca é uma porquinha linda, mas que vive insatisfeita com o próprio corpo. Acha o pé muito pequeno, as pernas finas, o nariz achatado, as formas imperfeitas. Um dia ela encontra um espelho mágico, que atende a todos os seus pedidos. E passa a fazer “correções” compulsivamente, até que aparece diante da mãe completamente deformada. Arrependida, a porquinha volta e briga com o espelho, e tenta voltar a ser como era. Parece uma metáfora da saga do megastar Michael Jackson, mas é a história do livro Uma Porquinha Chamada Pipoca (Via 2000 Editora – 36 págs. – R$ 20), que será lançado amanhã, a partir das 15h30, na Saraiva Mega Store do Shopping Crystal.

É o livro de estréia da professora, historiadora e publicitária Silvia Maria de Campos. “Sempre procurei trabalhar valores com os meus alunos em sala de aula, e este é um livro de introdução à ética. Valorizamos a personalidade e as características individuais de cada um, e nos dirigimos às crianças que hoje não querem usar óculos, aparelhos nos dentes ou botinhas ortopédicas, temendo gozações dos colegas”. Outro valor trabalhado é a família: “É a mãe que alerta Pipoca sobre a loucura que está fazendo, e graças a ela a porquinha resolve voltar atrás”, demonstra. E a história, aparentemente ingênua, cai como uma luva numa era em que praticamente se criam cyborgs em clínicas e academias, e meninas de 12 a 14 anos param de comer para se encaixar nos padrões esquálidos das agências de modelo, tudo em busca do corpo perfeito.

“Esses dias eu vi a Ana Maria Braga lamentando a morte de uma amiga durante uma cirurgia para redução de estômago. Ela dizia que a gente tem que se aceitar como é, gordinha, magrinha, ter respeito ao próximo e ser feliz”, conta Silvia. O curioso é que Ana Maria é ela própria adepta de técnicas de rejuvenescimento, como o botox. “Não sou contra a cirurgia plástica, nem o uso de botox ou qualquer outra técnica, mas acho que tudo isso deveria ser usado de uma maneira mais natural”, afirma a escritora.

O maior alvo da obra é mesmo as salas de aula. “A família e a escola são co-responsáveis pela formação do indivíduo”, justifica. Daí a preocupação que o conteúdo se encaixasse na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tanto no âmbito nacional quanto estadual, e a divulgação no sistema de ensino. “A editora mandou cerca de 6 mil convites a todas as escolas, para o lançamento”, revela. Que não será apenas um lançamento: “Teremos uma série de atrações para as crianças, pipoca, pirulito, salas de maquiagem, atividades que integram a programação de férias do shopping”. O próximo projeto da nova escritora é um livro sobre meio ambiente. “Vem mais coisa por aí”, avisa.

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