Companhia americana de teatro-dança faz dois espetáculos no Guaíra

Prepare-se para duvidar dos seus olhos. Momix Dance Theatre, a mais badalada companhia de dança do planeta, desembarca hoje em Curitiba, a penúltima cidade da turnê brasileira de 2003 – iniciada no Rio de Janeiro em 30 de outubro. Dirigido pelo legendário coreógrafo norte-americano Moses Pendleton, o grupo apresenta dois espetáculos, hoje e amanhã, às 21h, no Teatro Guaíra, encerrando em grande estilo a Série de Dança 2003 da Dell?Arte.

Quem escolher ir ao Guairão hoje, vai ver Super Momix, uma retrospectiva dos 22 anos de história da companhia, num espetáculo que reúne 12 coreografias dessa trajetória. Para o público brasileiro em geral, tudo parece novidade, já que a maior parte das coreografias jamais foi apresentada no País. O pout-pourri mostra “aperitivos” das montagens Orbit, Tuu, The Last Vaudevillian, Spawning, Underwater Study #5, Pleiades, White Widow, Mil-lenium Skiva, The Wind-up, Sputinik, E.C. e Bows. Esta última traz uma curiosidade para os brasileiros: foi criada sobre a música Vida Sertaneja, gravada por Daúde em 1995.

Amanhã, o grupo apresenta Passion, a coreografia mais recente, em que agrega os seus elementos recorrentes – jogos de luz, sombras, água, transparência, cores -aos símbolos religiosos, tanto cristãos como orientais e pré-colombianos. A trilha sonora é a que foi criada por Peter Gabriel para o filme A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese.

Inspiração

A inspiração foi mesmo o episódio da Paixão de Cristo, fonte da redenção espiritual. Pendleton optou, no entanto, pela ausência de um enredo narrativo, convidando o espectador a abandonar a realidade e entrar num mundo de ilusões, em busca de suas próprias respostas. O espetáculo divide-se em 21 episódios distintos, que enfocam a criação, queda e redenção do homem ? tudo à margem de religiões definidas.

Em Passion, sete bailarinos ? também acrobatas, segundo a tradição do Momix ? movimentam-se no palco, ora dançando, ora voando, graças ao engenhoso uso de cordas suspensas. Objetos cênicos criam imagens surpreendentes. Telas transparentes desfocam as imagens, reforçando a impressão onírica, interagindo sobre a realidade com imagens projetadas e criando deslumbrantes efeitos visuais.

Natureza

O processo criativo do Momix envolve o “contato dos bailarinos com os estímulos da natureza”, por meio de técnicas nada ortodoxas, como mergulhos num lago gelado ou simplesmente respirar ar puro. Dessas experiências nascem os estranhos seres que surgem do entrelaçamento dos corpos no palco, as ilusões geradas por luz e sombras, e todo o universo de sonhos que caracteriza o trabalho da companhia – tudo isso temperado com muito humor. “Nós não queremos ser apenas bailarinos. Fazemos espetáculos cheios de magia, paixão e energia. Eu acho que as pessoas saem da platéia inspiradas, mais leves. Queremos que elas saiam do teatro com menos gravidade nos pés”, resume o coreógrafo. E o melhor é que eles conseguem.

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Hoje e amanhã, às 21h, no Teatro Guaíra. Ingressos entre 40 e 60 reais na meia entrada, mais 1kg de alimento. Para quem não quiser doar, o preço dobra. Informações: (41) 304-7900.

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