São Paulo, (AE) – Claudio Cavalcanti tinha apenas 16 anos quando pisou no palco pela primeira vez. Um estreante de sorte. Afinal, a companhia era o braço carioca do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), o diretor era ninguém menos que o mestre Gianni Ratto e ele contracenava com Fernanda Montenegro, que fazia o papel de sua mãe. ?A peça era Minha vida com papai e no elenco tinha também o Fregolente, que era um grande ator cômico?, lembra Cavalcanti.

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Foi uma estréia feliz, no dia 13 de dezembro de 1956. Curiosamente, será em São Paulo, que ele vai comemorar seus 50 anos de carreira, em grande estilo. Ele é o protagonista de O doente imaginário, comédia de Molière que estreiou ontem no Teatro Sérgio Cardoso, em montagem vinda do Rio, onde Tonico Pereira fazia o papel que agora Cavalcanti assume. ?Por incrível que pareça é o primeiro clássico de minha carreira teatral. Fiz muitos textos de ótimos autores, mas jamais um Shakespeare ou Molière.?

Não é um texto qualquer desse genial autor francês, mas o seu derradeiro. O próprio Molière (1622-1673) interpretava o protagonista, o hipocondríaco Argan, quando um terrível acesso de tosse (que fez o público rir muito imaginando ser parte da representação) o tirou do palco para sempre. Nesse texto, ele concentrou muitas das críticas que sempre foram tema de suas peças: a avareza, o casamento por interesse, a luxúria e vaidade dos velhos, a ganância e ignorância dos médicos.

Argan é casado, pela segunda vez, com uma mulher jovem e interesseira, mas sua vaidade não permite que enxergue a verdadeira personalidade dela. Hipocondríaco, quer obrigar sua filha, apaixonada por um jovem honesto, a casar com um médico mau-caráter.

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