Claudia Cardinale lança ?O Leopardo? restaurado

Aplausos intermináveis acolheram em Londres Claudia Cardinale, madrinha da retrospectiva dedicada pelo British Film Institute (BFI) ao cineasta italiano Luchino Visconti. A atriz esteve há poucos dias na capital britânica para assistir à edição restaurada da obra-prima do mestre, “O Leopardo” (“Il Gattopardo”), do qual ela é a inesquecível protagonista.

Quem recebeu Cardinale no National Film Theatre foi o presidente do BFI, Anthony Minghella, que ganhou um Oscar pela direção de “O paciente inglês”. Ele apresentou a atriz como “uma das poucas verdadeiras estrelas mundiais do cinema”.

Minghella também fez questão de expressar sua paixão pelo cinema italiano e em particular por Visconti, a quem chegou a dizer ter se inspirado muito em seus filmes.

Também esteve presente sobre o palco do National Film Theatre o diretor americano Sidney Pollack, que veio especialmente dos Estados Unidos para a cerimônia e rever, depois de 40 anos, “O Leopardo” e homenagear o grande mestre que o realizou.

Pollack, introduzindo a projeção, descreveu o filme baseado no romance de Tomasi di Lampedusa como “pleno de poesia, elegância e graça de tal forma a fazer compreender a que alto nível artístico o cinema possa atingir”.

Depois dos 188 minutos de filme, que mantiveram colados na poltrona a platéia em sua maioria composta por jornalistas e vips, Claudia Cardinale retomou suas recordações sobre o mestre em entrevista a Adrian Wooton, do jornal “The Guardian”.

A atriz trabalhou com Visconti pela primeira vez em “Rocco e seus irmãos”, em que teve um papel menor. “Estávamos rodando uma cena com muitas pessoas e Luchino gritou: ?Cuidado, não matem a Cardinale!?”, lembrou com afeto a estrela. “Foi então que percebi que ele havia me notado”, acrescentou.

Morena com Visconti e loira com Fellini

Claudia Cardinale, na época das filmagens de “O Leopardo”, estava também empenhada no set de “Oito e meio”, de Fellini. “Visconti me queria morena e Fellini, loira. Tinha, portanto, de mudar de cor de cabelo a cada duas semanas”, contou, sublinhando os diferentes métodos de trabalho dos dois diretores, ambos geniais.

“Nada de roteiro e apenas improvisação com Fellini”, recordou a estrela, enquanto “com Visconti tudo já estava decidido: não havia improvisação, trabalhávamos em torno de uma mesa como no teatro e os técnicos entravam em cena quando tudo já estava pronto”.

A atriz recordou como Visconti lhe aconselhava a separar, em sua interpretação, os olhos da boca. “Os olhos devem comunicar o oposto daquilo que você está dizendo”, ensinava o mestre.

Voltar ao topo