Pesquisar e registrar a história dos ciganos nas Américas do Sul e Central. Esse é o objetivo da Expedição Resgate da Cultura Cigana, que pretende percorrer 28 mil quilômetros ? do Brasil ao México ? e fazer um panorama da etnia. O projeto está sendo desenvolvido pela Associação de Preservação da Cultura Cigana, uma organização não-governamental fundada há sete anos em Curitiba.
O presidente da a ssociação, Claúdio Domingos Yovanovitchi, estima que só na capital existam duzentos ciganos fixos, mas no Brasil a população nômade pode chegar a 600 mil pessoas. “É um contigente grande, e muitos sofrem com problemas comuns como o analfabetismo, falta de documentos, mercado de trabalho e discriminação”, disse Yovanovitchi. Ele comenta que várias lendas que são contadas sobre a cultura cigana acabam prejudicando ainda mais o desenvolvimento dessas pessoas. O presidente da associação admite que a própria tradição, caracterizada por uma cultura fechada, acaba potencializando essas dificuldades.
Uma das formas de diminuir esses problemas, acredita Yovanovitchi, é divulgar a cultura cigana. Dentro desse objetivo a associação desenvolveu em 2000 parte do projeto Mostra Teatral Cigana, que pretendia levar, por meio de peças teatrais, a história da cultura cigana a crianças de escolas públicas de Curitiba e Região Metropolitana. O projeto só não foi desenvolvido na íntegra porque os recursos foram retidos junto ao Banco do Brasil. “Dos R$ 500 mil totais do projeto, R$ 120 mil foram obtidos junto à Sanepar, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Mas o Banco do Brasil criou empecilhos para liberar o dinheiro”, acusa o presidente da associação. Hoje, a entidade está movendo uma ação judicial contra o banco em função dos prejuízos causados pelo atraso no repasse, bem como por discriminação.
Brasília
No próximo dia 18 de fevereiro membros da associação irão a Brasília para tentar uma audiência com o ministro da Cultura, Gilberto Gil. Eles pretendem reunir cerca de duzentos ciganos de várias partes do País para pedir apoio à cultura, bem como verbas para patrocinar a expedição ? que deve partir de Curitiba em março com doze pessoas. “Será, com certeza, a maior concentração de ciganos no Brasil. Um acontecimento histórico”, disse Yovanovitchi, que aposta que o governo federal tem condições de ajudar com parte dos R$ 300 mil necessários para realizar a expedição.
Todo o trabalho de levantamento da cultura ? que deverá ser realizado em oito meses ? será registrado em fotos e documentários. O resultado final será a edição de livros e vídeos que serão distribuídos para universidades e bibliotecas públicas de todo o País. O presidente da associação ressalta que a expedição também quer contar com o apoio de empresários que queiram patrocinar o trabalho. Os contatos podem ser feitos pelo telefone (41) 274-0740.