Cia. do Abração agora também nas telonas

Estréiam, no próximo dia 20, na Cinemateca de Curitiba, o curta Inocência e o documentário O processo, produzidos pela Abração Filmes. Os filmes são resultado de uma nova experiência da Cia. do Abração, que antes envolvia-se apenas no teatro.

De acordo com as diretoras Letícia Guimarães e Fabiana Ferreira, essa conversa entre as artes cênicas e as visuais veio para ficar. A companhia começou a trabalhar com o meio audiovisual depois da chegada do cineasta paraguaio Blas Torres, em 2003. Ele começou a registrar em vídeo o dia-a-dia da companhia e os primeiros resultados disso estão nos filmes que estréiam este mês.

Torres conta que o curta veio primeiro. Surgiu de um concurso feito entre o pessoal da Companhia, que resultou em quase quinze roteiros. ?Choveu tanto roteiro que não sabíamos qual priorizar?, conta. Mas foi o roteiro de Inocência, de Roberval de Carvalho, que acabou sendo escolhido. ?Foi difícil decidir como começar a trabalhar o tema. Discutimos e estudamos bastante o teor do argumento antes de começarmos a filmar?, conta Letícia.

Foi Torres que, enfim, adaptou o argumento para um roteiro de cinema. ?E o filme ainda sofreu uma adaptação radical na edição, dois anos depois?, diz. O curta mostra uma relação entre três amigos, durante a qual despertam novas vontades e desejos que acabam perturbando suas vidas.

Quanto ao documentário, veio de um costume da equipe de registrar tudo o que fazem. ?Achamos importante documentar todos os eventos, até para servir de material para revermos?, explica Letícia.

Para Torres, a tecnologia também permitiu a viabilização do projeto. ?Com o vídeo digital, ficou tudo mais fácil. Quando as filmagens pediam fita, o custo era bem maior?, diz. Assim, a companhia conseguiu juntar mais de 300 horas gravadas de todo o processo de criação da peça O Banho – que vem a ser o tema do filme.

?Queríamos fazer um curta, média-metragem. Até que montamos todo o cenário e ficou tão lindo que resolvi fazer um filme da peça?, diz Torres. Porém, como transformar a peça em filme era um projeto muito caro, a solução foi apresentar O Banho como plano de fundo de um documentário, que acabou intitulado O Processo.

E esse processo foi bem longo, segundo o trio. Foi cerca de um ano só para a criação da peça. ?Para convivermos era um outro processo. Ficamos muito tempo juntos, só dormíamos separados?, conta Fabiana.

A peça O Banho é o primeiro trabalho da companhia para o público adulto e concorre, inclusive, ao 28.º Troféu Gralha Azul, na categoria Cenário. ?Estamos trabalhando em outra peça. Chama-se A Corda e vai estrear em novembro?, informa Letícia.

Quem quiser ver os filmes da Cia. do Abração terá que aproveitar exibições esporádicas, como as que serão realizadas na Cinemateca de Curitiba. A companhia não tem a pretensão de distribuí-los comercialmente. ?Lançaremos um DVD, mas a principio será uma distribuição modesta?, diz Letícia. Mas o trio pretende exibir O Processo no Festival de Teatro de Curitiba e em outras ocasiões especiais.

Serviço: a Cinemateca de Curitiba fica na Rua Carlos Cavalcanti, 1174, no centro. Os filmes serão exibidos a partir das 20h. A entrada é franca. Mais informações no telefone (41) 3362-9595.

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