Chico Buarque anuncia turnê nacional do novo CD

Sem fazer shows desde a turnê de seu penúltimo disco, Carioca, em 2006, vista por quase 200 mil pessoas, Chico Buarque interrompe o longo jejum musical e volta a percorrer o país com um novo espetáculo. CHICO – título homônimo de seu novo CD, nas lojas desde julho passado – tem como ponto de partida o Palácio das Artes, em Belo Horizonte, onde fica em cartaz de 5 a 8 de novembro. A apresentação em Curitiba acontece de 15 a 18 de dezembro no Teatro Guaíra.

Embora dono de uma das carreiras mais sólidas e prolíficas da MPB – em 45 anos lançou mais de 40 discos, entre trabalhos solo e projetos -, Chico Buarque é presença rara nos palcos brasileiros. Este será apenas o sexto espetáculo apresentado por ele nos últimos 36 anos. Os anteriores foram ‘Chico e Bethânia’ (1975), ‘Francisco’ (1988), ‘Paratodos’ (1994), ‘As Cidades’ (1999) e ‘Carioca’ (2006).

Com duração de aproximadamente 90 minutos, o roteiro é todo construído ao redor das dez canções que compõem o disco novo, cuja estratégia inédita de comercialização, através do site www.chicobastidores.com.br, já o levou a alcançar a marca de 80 mil cópias vendidas. Ao longo de toda a temporada, a página atualizará as informações sobre a turnê e continuará sendo o canal de comunicação oficial do compositor com o público. Em depoimento postado hoje (13), Chico explica a sua volta aos palcos e, de quebra, revela um pouco do clima dos bastidores dos ensaios.

Para montar o repertório do show, o artista vasculhou os mais de 400 títulos de sua obra, tão vasta em gêneros quanto em assuntos, para chegar à lista final de 28 músicas. O resultado é um show pautado por canções de todas as fases de sua carreira, do início dos anos 60 até hoje, amarradas entre si por afinidades musicais ou temáticas.

“Como o disco é menos orquestrado do que os anteriores, a participação do conjunto foi maior. Criamos arranjos com menos elementos, o que acabará se refletindo no palco. Chico não se preocupa em fazer shows pirotécnicos, pois o repertório dele se basta. A sua filosofia se baseia na linearidade, onde cada novo espetáculo é a continuação do anterior”, explica o maestro, arranjador e violonista Luiz Claudio Ramos.

Para Chico, um fã declarado de futebol, o jargão ‘em time que está vencendo não se mexe’ aplica-se perfeitamente quando se trata de escalar músicos. O plantel, capitaneado por Ramos – seu fiel escudeiro desde a peça Calabar, de 1973 -, é o mesmo dos últimos dois shows: João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Wilson das Neves (bateria), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (contrabaixo) e Marcelo Bernardes (flauta e sopros).

A equipe que o acompanha também mudou muito pouco nos últimos anos, com Vinícius França na produção geral, Helio Eichbauer na direção de arte e cenários, Maneco Quinderé na iluminação, Cao Albuquerque nos figurinos e Ricardo ‘Tenente’ Clementino na direção técnica.

“A escultura é baseada num grande enigma matemático que representa a continuidade da vida. Os painéis são uma homenagem ao país, à cidade do Rio de Janeiro e à língua brasileira”, adianta Eichbauer.

As dez canções do disco Chico revelam um compositor cada vez mais próximo de seu mestre e maestro soberano, Antônio Carlos Jobim, pela elaboração formal das melodias e letras ainda mais depuradas.