Casal perdido no mar faz sucesso nos EUA

É o investimento dos sonhos de qualquer um: produção independente americana de baixíssimo orçamento – custou US$ 120 mil -, Mar Aberto, desde ontem em 120 salas de todo o país, arrecadou US$ 35 milhões nas bilheterias dos EUA em apenas dois meses. Lançado em agosto, o filme virou um fenômeno de massa, como A Bruxa de Blair, mas não é uma fantasia de terror nem usou a internet para dar impulso a sua carreira. O terror, a bem da verdade, até que existe, pois a história é verdadeiramente assustadora.

Diretor, roteirista, montador e cinegrafista, Chris Kentis leu, em 1998, numa revista especializada, a história desse casal em férias que sai para mergulhar e é esquecido pela tripulação do barco, em alto-mar. Ele próprio mergulhador, Kentis e a mulher, Laura Lau, ficaram tão impressionados que acharam que o material podia servir de base para o segundo longa. Iniciaram pesquisas. Em 2000, com o primeiro esboço de roteiro concluído, iniciaram a captação. “Foi muito complicado arranjar o dinheiro”, confessa Kentis. “Parece que US$ 120 mil é pouco, mas tente tirar esse dinheiro do seu orçamento, para ver.”

Existem elementos do mais puro (e assustador) terror na história desse casal solitário na imensidão do oceano e cercado por tubarões, ainda por cima. Mas Kentis e a mulher nunca viram Mar Aberto como um filme de ação ou aventura. “O que nos interessava, desde o começo, era a relação e o que poderia ocorrer com as pessoas numa situação limite como aquela.”

Na primeira cena, marido e mulher se falam pelo celular como se estivessem a quilômetros de distância. Estão a poucos metros um do outro, ela no interior da casa, ele fora. No hotel, onde vão passar as férias, ele quer fazer sexo, ela não quer; ela quer conversar, ele se vira para o lado e diz que vai dormir. Tragicamente, só dialogam (e se expõem) à deriva, nesse mar que adquire uma dimensão metafórica da própria existência. “É isso! You got it (Você entendeu)!”, exclama Kentis.

Por isso mesmo, o casting foi tão difícil. Eles precisavam de atores que tivessem bom preparo físico, fossem ótimos nadadores e ainda soubessem representar. Testaram muita gente, mas encontraram os atores certos em Blanchard Ryan e Daniel Travis. É o primeiro filme dela, que tem uma cena de nu, no quarto do hotel, de cortar o fôlego. O diretor e sua mulher, o casal de atores e o cara que conduzia o barco – essa foi toda a equipe de Mar Aberto. Cinco pessoas. Com duas câmeras mini-DV – operadas por ele e pela mulher -, ficaram cerca de 90 horas no mar.

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