Depois de passar a sua vida a limpo no disco “Longe”, gravado e lançado no ano passado, Carlos Machado surpreende ao revisitar a sua carreira solo, composta por três CDs e um DVD, com o álbum em espanhol “Los Amores de paso”, que chega às lojas essa semana.

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Composto por dez versões das próprias músicas de Carlos na língua de Borges, todas de Nylcéa Pedra, uma inédita, que dá nome ao trabalho, e uma versão de “Hallelujah”, de Leonard Cohen, vertida ao português pelo poeta e tradutor Fernando Koproski, parceiro de longa data de Machado, o álbum cria o clima latino que a empreitada pede, tornado impossível comparar as “derivadas” com as “originais”, já que as letras, os arranjos e a voz dão uma nova vida a cada uma das canções.

E, por falar em voz, Carlos Machado, que além de lançar “Tendéu” (2008), “Samba portátil” (2010) e “Longe”, fez parte da banda de heavy metal Sad Theory, parece cantar cada vez com mais profundidade, como se a maturidade confirmasse o talento e o desejo de fazer o melhor.

Diário de viagem

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Sem fugir de si mesmo, Machado reaviva as músicas que compõem seu catálogo, mas não faz de “Los Amores de paso” uma coletânea, ao contrario, o disco é independente e carrega uma carga incrivelmente individual. De certa forma, o trabalho é o resultado de uma viagem feita pelo cantor em 2005 pela América do Sul e que deu origem ao livro “Balada de uma retina sul-americana”, ou seja, o CD é também um diário de viagem, que percorre cada trabalho de Carlos.

E há também a gostosa surpresa de Koproski recitando o poema inédito “Amor que verão” em “Un sólo corazón no hace canción” e a perfeita atmosfera criada pelos vocais de Wanessa Seiwert na faixa título e em “Beso”, “Canción pequeña”, “Sin más” e “Aleluia”.

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Sem tristeza, “Los Amores de paso” é perfeito para quem, assim como Bandeira, toma o café preparado por si. Um disco assim não deveria ser só um disco. Dale, Carlos.