O ano é 1977, mas ninguém fuma no morro carioca de Pecado Mortal, novela que põe Carlos Lombardi pela primeira vez na tela da Record, a partir desta quarta-feira, 25, às 22h30. Se fosse às 19h, faixa em que o autor se especializou em tirar a camisa de jovens atores, pela Globo, a atual história de Lombardi mal seria contada. Como abordar o início do domínio do tráfico de drogas no Rio, se a Classificação Indicativa do Ministério da Justiça não permite armas em cena às 7 da noite?

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Mas e o Datena? Não exibe perseguições policiais às 6 da tarde? E Marcelo Rezende? Para a vida real, não há restrições. Enquadrados na categoria “jornalismo”, os programa policiais são livres de classificação. Não foi o MJ que pediu à Record que os personagens de Lombardi não fumassem. A própria emissora achou que o cigarro poderia gerar queixas do MJ e resolveu moderar no fumo, até como compensação às armas de fogo.

Atualmente, são as emissoras que auto-classificam seus programas. Se considerar que horário e conteúdo estão impróprios, o MJ pede a reclassificação da atração ou sua adequação ao horário em que está.

As regras da classificação etária não estão só nos entraves para a ficção na TV aberta. Toda menção a personagens reais demanda autorização assinada pelo mencionado ou, no caso dos mortos, por seus herdeiros. O próprio Lombardi recebeu de Danuza Leão um veto para a simples citação de seu nome em cena. “A Stela, personagem da Betty Lago, diria: ‘Cuidado que eu sou amiga da namorada do dono do Última Hora, sou amiga da Danuza’, mas Danuza não autorizou”, conta.

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Expert em tratar de gente real em minisséries como Um Só Coração, JK, Dalva & Herivelto e Dercy, Maria Adelaide Amaral lembra que “a lei que restringe a liberdade do autor é da Constituição de 1988.” E diz que sempre foi necessário obter autorizações assinadas de todos os familiares que se tornaram personagens de suas minisséries – no caso de JK, sobre a vida de Juscelino Kubitschek, a coleta levou cerca de um ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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