Cantora sul-africana Miriam Makeba morre na Itália

A cantora sul-africana Miriam Makeba, conhecida no mundo como ‘Mama África’, morreu na madrugada desta segunda-feira (10) após um show no sul da Itália. A cantora morreu logo após dar entrada no hospital, informou a Clínica Pineta Grande, na localidade de Castel Volturno. Segundo a agência de notícias Ansa, ela sofreu um ataque cardíaco após encerrar um show em homenagem a um jornalista italiano ameaçado pela máfia napolitana.

Aos 76 anos, a artista era um símbolo internacional contra a segregação racial e tinha entre seus sucessos a música Pata Pata. Makeba, também chamada “A imperatriz da canção africana”, saiu da África do Sul em 1959, quando ainda vigorava no país o regime segregacionista do apartheid. Ela tentou voltar em 1960, para o funeral da mãe, porém seu passaporte foi revogado e sua entrada, negada.

Ela viveu no exílio durante 31 anos nos Estados Unidos, na França, em Guiné e na Bélgica, até seu emocionante regresso a Johannesburgo, em 1990. Na época muitos sul-africanos exilados voltaram ao país, em meio às reformas do então presidente F. W. De Klerk. “Nunca compreendi por quê não podia vir ao meu país”, disse a cantora ao retornar. “Nunca cometi crime algum.” O convite para retornar foi feito por Nelson Mandela, que depois viria a ser presidente do país, entre 1994 e 1999. “Foi como renascer”, relembrou Miriam depois.

Luto

“Uma das nossas maiores cantoras de todos os tempos parou de cantar”, lamentou em nota o ministro da Cultura da África do Sul, Nkosazana Dlamini Zuma. “Ao longo de sua vida, Mama Makeba comunicou uma mensagem positiva ao mundo sobre a luta das pessoas na África do Sul e a certeza das vitórias sobre as forças malignas do apartheid e do colonialismo através da arte de cantar”, apontou Zuma.

Miriam começou sua carreira em Sophiatown, uma zona cosmopolita de Johannesburgo muito rica culturalmente na década de 1950. Porém os negros da área foram retirados à força pelo governo do apartheid (regime que vigorou entre 1948 e 1990).

A cantora recebeu um Grammy em 1966 por melhor gravação folk, junto com Harry Belafonte, pelo disco “An Evening With Belafonte/Makeba”. A obra tratava dos problemas enfrentados pelos negros sul-africanos durante o apartheid.