Que tal um estilo que mistura o sertanejo com a música japonesa? É o que propõe o cantor maringaense Joe Hirata, que, aos dez anos de carreira, lança seu quinto CD de músicas inéditas. Intitulado Mistura de raças, o álbum mantém a harmoniosa combinação de sons feita por Hirata entre instrumentos da música brasileira com os da música japonesa.

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Dentre as 12 canções do novo álbum, Sonho de um brasileiro ganha destaque por simbolizar a história percorrida pelo próprio paranaense entre palcos e escritórios no Japão. “Em 1988 fui para o Japão trabalhar como operário, desenhista e projetista.

Quando não estava trabalhando, aproveitava a folga para participar de concursos de karaokê. Ganhei muitos deles, inclusive um da NHK, uma rede de televisão japonesa, cuja concorrência era de 80 mil candidatos. Mas a saudade da família e do Brasil fez com que eu voltasse para a terra natal pouco tempo depois”, explica.

Depois de matar as saudades do Brasil, Hirata volta para o Japão, onde foi recebido calorosamente pelos brasileiros que moravam lá. “O concurso me deu muita repercussão, foi quando percebi que a música já fazia parte de mim, era uma paixão. Tenho que agradecer muito aos brasileiros que moram no Japão, graças a eles, a música se tornou meu meio de vida. Então, tive a idéia de inovar misturando instrumentos japoneses às minhas músicas”, explica.

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Taiko, um grande tambor utilizado pelos japoneses na época das guerras, é o instrumento que dá um toque oriental às músicas do paranaense. Quando a sanfona e a viola dão o ritmo à música sertaneja, o taiko – com sua batida forte – harmoniosamente quebra o ritmo da música trazendo uma pitada oriental em suas melodias. “Tudo começou em um show, com a música Sorte grande, de Ivete Sangalo. Pensei: por que não misturar? A música tem uma linguagem mundial, tanto aqui quanto no Japão as notam têm o mesmo significado sonoro. Foi uma mistura que deu muito certo”, explica Hirata.

O paranaense conta que a cada show o público fica surpreso com a intervenção do taiko. “É muito interessante ver a reação do público quando o taiko se mistura com a sanfona e a viola. Fico feliz que no Brasil podemos misturar esses instrumentos com muita harmonia e receptividade do público”, conta.

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Mesmo após fazer cinco turnês no Japão, o cantor afirma que, ao contrário dos outros costumes, emplacar a música brasileira no outro lado do mundo é um grande desafio. “O mercado no Japão é muito difícil e concorrido, mas estando lá, é fácil ver como outros itens da cultura brasileira já fazem parte do cotidiano dos japoneses”, diz. “O Japão está mais brasileiro do que nunca. O pão de queijo, por exemplo, é uma febre por lá, assim como o samba, carnaval e as roupas brasileiras”, conta.

O centenário da imigração japonesa, comemorado em junho passado, ajudou a fortalecer os laços entre as duas culturas. “No meio artístico, por exemplo, aquela idéia de que o personagem oriental deve falar com sotaque e imitar necessariamente a cultura do Japão está se dissipando. Hoje, para se ter uma idéia, a atriz Daniele Suzuki e a ex-big brother Sabrina Sato são exemplos de que os descendentes estão se abrindo mais às culturas nacionais e agindo como perfeitos brasileiros”, compara.

No início do próximo ano, Hirata irá lançar um CD para a comunidade japonesa. “Este CD será exclusivamente para os descendentes japoneses no Brasil. Em breve, pretendo começar a produção de outro CD com músicas sertanejas envolvendo novas parcerias instrumentais entre o Brasil e o Japão”, adianta.