Calcanhotto passa a Adriana Partimpim

Sai Adriana Calcanhotto, entra Adriana Partimpim, que está lançando um disco infantil com postura adulta. Um projeto acalentado há 10 anos que a levou a adotar o heterônimo de infância.

“Quando as pessoas perguntavam meu nome eu dizia esse. Não sei de onde vem, nem se era uma tentativa do pirlimpimpim . Meu pai adorava isso e a vida inteira me chamou de Adriana Partimpim”

Apesar do longo tempo até chegar ao repertório final de 10 músicas, Adriana diz não ter planejado nada racionalmente.

“Como interpreto alguma coisa numa canção que eu não sei explicar faz plim na minha cabeça. Não fico armando estrategicamente o repertório, é uma ligação de afeto. Durante esse tempo todo fui me encontrando com canções que serviam ao projeto”, diz ela numa entrevista na cúpula estrelada do planetário da Gávea, local escolhido para receber a imprensa.

O novo disco já chega às lojas com uma música estourada, “Fico assim sem você”, do repertório de Claudinho e Buchecha, que ela ouviu pela primeira vez depois da morte de Claudinho em julho de 2002, quando as rádios começaram a tocar direto por causa do verso premonitório Buchecha sem Claudinho. Adriana diz que, assim que ouviu, se apoderou da canção e a levou para a turnê de seu disco anterior, Cantada. Ela só sacou que cabia dentro do disco infantil quando fez um show em Portugal.

“Um jornalista desses que só consegue ver a música pelo gênero disse que eu tinha cantado samba, bossa-nova, bolero e “uma música infantil praticamente”. Ele me deu a chave. Eu pensei que era o que estava faltando para viabilizar o disco.

Indagada se fez o disco para a criança que ainda existe nela ou para a criança que se perdeu no tempo, ela respondeu “eu fiz um disco sendo a criança que sou hoje. Na verdade, não tenho interesse, por temperamento, de querer voltar a ser criança. Quando eu era criança, só queria ser adulta. Achava fascinante o mundo dos adultos. Gosto muito mais de ser adulta, não tenho nenhuma nostalgia. Eu achava que ia viver de noite e dormir de manhã, agora eu vivo de noite e dou entrevistas de manhã, exatamente como imaginava. Mas não tem sentido de resgate.”

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