Caixa dois mistura corrupção e impunidade

Bruno Barreto não se queixa, mas se você acha que a vida dele, por ser um diretor brasileiro com trânsito internacional, é fácil, quebrou a cara. Bruno nunca penou tanto para concretizar um projeto. Desde 2007 ele busca patrocínio para um longa de ficção baseado nos eventos que resultaram na confecção do documentário Ônibus 174, de José Padilha. Hector Babenco diz que é um dos melhores roteiros que leu, recentemente, mas quem disse que as diretorias de marketing estão dispostas a investir em mais um filme sobre garotos excluídos e violência urbana? A MovieArt e um amigo empresário, que não quer aparecer, estão tirando Bruno Barreto do sufoco e ele começa a filmar 174 em 29 de junho. Enquanto trabalha nesse projeto, que lhe ocupa coração e mente, Bruno não pára. Dirigiu O casamento de Romeu e Julieta, estreou no teatro com a mise-em-scène de A dúvida, lança agora Caixa dois.

São Paulo, (AE) – Bruno ensaiava A dúvida, em dezembro de 2005, quando lhe chamou a atenção, nos bastidores do teatro, o pôster da peça de Juca de Oliveira, que não havia assistido. Ele ligou para o ator e autor e lhe pediu uma cópia. Leu e gostou. Achou, principalmente, que tinha tudo a ver com o clima que o País vivia, no auge do escândalo do mensalão. Bruno adquiriu os direitos, mas inicialmente seria só produtor. O diretor seria Mauro Mendonça Filho, que abandonou Caixa dois para fazer uma novela na Globo. Bruno, que não faz publicidade e precisa, como todo mundo, de dinheiro para sobreviver, assumiu a direção. A esta altura, já havia brigado com Juca, que não gostava das novidades que ele havia introduzido na peça, para torná-la mais cinematográfica. Bruno queria fazer o filme com Juca. Terminou fazendo com Fúlvio Stefanini, que, no teatro, havia feito o bancário. Na passagem para o cinema, Fúlvio realizou seu sonho. Veste a pele do banqueiro.

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