Foto: Divulgação

Lázaro Ramos interpreta o João de Camargo.

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Na noite de anteontem, quinta-feira, os atores Paulo Betti e Leona Cavalli estiveram em Curitiba realizando a pré-estréia de Cafundó, no Unibanco Arteplex. Em sessão para convidados que reuniu banda, comunidades negra, espírita e pessoas diretamente ligadas ao filme, a sala ficou lotada e o público teve que se acomodar até no chão. ?Cinema e festivais são assim mesmo?, dizia entusiasmado Betti. Com um respeitável trajeto em festivais dentro e fora do Brasil, o longa já alcançou 16 prêmios, inclusive quatro Kikitos, no Festival de Gramado.

Cafundó foi rodado em 2003 nas cidades históricas do Paraná: Lapa, Ponta Grossa, Vila Velha, Paranaguá e Antonina, além de cenas em Curitiba e São Paulo. Assinando a direção do filme junto com Clóvis Bueno, Paulo Betti conta a história do mito João de Camargo, ex-escravo que virou milagreiro e viveu em Sorocaba (SP) no final do século 19 e início do século 20. Tendo em mãos uma rica bibliografia do Preto Velho, como esse personagem é conhecido, o filme é contado em forma de uma crônica romanceada.

O papel do protagonista ficou a cargo do ator Lázaro Ramos (Meu Tio matou um cara, O homem que copiava), mais uma vez em excelente interpretação, e a outra atração é a inspirada Leona Cavalli (Amarelo manga, Quanto vale ou é por quilo?), que faz a personagem Rosário. Deslumbrado com a liberdade da abolição e após um tempo desiludido com a vida, João de Camargo sente na alma a dor de uma grande traição e atinge o fundo do poço. Nesse momento tem uma visão alucinadora e passa a viver uma nova identidade, construindo a Igreja do Bom Jesus da Água Vermelha, que possui milhares de fiéis até hoje.

Envolto na questão social e religiosa, a obra mostra tradições e fatos históricos, como os atabaques das senzalas, a modinha caipira, a congada o fandango, e a miscigenação cultural que compõe o Brasil. O argumento de Betti é realmente uma história que merecia ser contada no cinema, o problema da trama ficou na fraca coerência do roteiro, com cenas que não contam a história com boa lógica na primeira metade do filme. O figurino e a trilha sonora são notáveis, além do trabalho de Lázaro Ramos e o empenho de Paulo Betti, que faz uma ponta no papel de um fiel.

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