Cada vez mais modelos tomam o lugar de atores

As passarelas e os editoriais de moda ficaram pequenos demais para eles. Ambiciosos, modelos e manequins estão, cada vez mais, desfilando graça e beleza em outras "passarelas".  A última beldade a conquistar seu espaço na tevê foi Letícia Birkheuer, já confirmada num dos papéis principais de Belíssima, a próxima das oito da Globo. Mas ela não vai estar sozinha. Terá a companhia de Fernanda Lima, que vai encabeçar o elenco de Bang Bang, de Mário Prata. Mas as "top models" não estão invadindo apenas as novelas. Titular do quadro de moda do Tudo a Ver, da Record, Isabella Fiorentino substituiu Ana Hickmann, que já dá expediente no novo matutino da emissora, Hoje em Dia.

Autor de Belíssima, Silvio de Abreu salienta que mais de 50 modelos foram testadas para o personagem Diana. Muitas atrizes, conhecidas ou não, também participaram da seleção. A princípio, Letícia faria apenas uma participação, mas a moça agradou tanto que ganhou o papel de filha de Glória Pires na novela. "Letícia chamou nossa atenção à primeira vista porque é linda, mas também porque sabe falar bem, entende um texto, consegue coordenar as emoções e, principalmente, passá-las para o público", enumera o autor, responsável pela estréia da modelo Silvia Pfeifer na minissérie Boca do Lixo, de 1990.

Considerada uma das "top models" mais famosas do mundo, Letícia Birkheuer avisou que não pretende abandonar os contratos já assinados como modelo. E não é à toa. Só no último ano, a gauchinha de Passo Fundo faturou US$ 1,5 milhão, o que faz dela a sexta no "ranking" das mais bem pagas no Brasil. Mas, para não fazer feio em sua primeira empreitada como atriz, a moça vai ter aulas de voz, dicção e interpretação. "Acho que vou aprender mesmo observando feras, como a Glorinha Pires e a Fernanda Montenegro, trabalhando. A Glória, que fez o teste comigo, foi muito legal e me deixou muito à vontade em cena", elogia Letícia.

A exemplo de Letícia, a também gaúcha Fernanda Lima dá o ar de sua graça em Bang Bang, a próxima das sete. Para ela, a carreira de atriz é quase uma conseqüência natural da de modelo. Depois que saiu da MTV, a ex-apresentadora do Mochilão resolveu tentar o cinema. Fez pontas em Didi Quer Ser Criança, Cinegibi O Filme e A Dona da História. Só não fez novela porque declinou do convite para Da Cor do Pecado, de João Emanuel Carneiro. "O fato de eu fazer essa novela não significa que vá fazer isso para sempre. Às vezes, pinta uma insegurança danada. Não é fácil ocupar um espaço que poderia ser de uma atriz profissional", pondera.

Por isso mesmo, autores e diretores de tevê costumam ser criticados por não escalarem atores para fazerem modelos em novelas. "Os modelos precisam de características físicas especiais, como serem altos e bonitos e terem dentes e pele perfeita. Não é fácil encontrar atores com tais características. É o mesmo que perguntar porque não escalo um branco para fazer um negro ou um japonês para fazer um alemão", explica Silvio de Abreu. O diretor de Bang Bang, Ricardo Waddington, faz coro com Silvio. "Escalo personagens e não atores. Se não possuo um ator adequado para determinado papel, pego a pessoa e faço o ator. Quanto à Fernanda, ela passou por alguns testes e mandou bem em todos eles", assegura.

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