O Museu Oscar Niemeyer abre no próximo dia 26 de novembro, às 11h, a exposição Stockinger ? Bronzes. Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra apresenta 100 peças, desde pequenas obras até esculturas de três metros de altura ? do artista plástico Francisco Stockinger, de 86 anos, que vive e produz em Porto Alegre (RS). A exposição individual de Stockinger é acompanhada de um livro/catálogo de 200 páginas, com tiragem de 1.500 exemplares.
Xico Stockinger, como é conhecido, é um dos mais premiados autores sulistas de nossa modernidade escultórica. Apontado como um dos maiores artistas plásticos brasileiros, Stockinger é responsável, ao lado de outros mestres como Sérgio Camargo, Amílcar de Castro e Franz Weissmann, pela consolidação e pelo avanço do pensamento plástico moderno e contemporâneo.
O projeto de uma exposição dedicada à obra de Francisco Stockinger, contemplando um significativo conjunto de esculturas em bronze, se deve, segundo o curador, à necessidade de se divulgar ?uma obra única pela maneira com que logra juntar alta qualidade com uma natureza polimórfica?.
Para a mostra foram escolhidas três séries, que apontam para as três principais trilhas perseguidas pelo artista. A primeira consiste na série intitulada Gabirus, originalmente composta por 27 esculturas e que foi realizada em meados da década de 90. A série refere-se às famílias de miseráveis, encontradas no sertão nordestino, que, em razão de uma desnutrição crônica, se transformaram em uma sub-raça de baixa estatura. Entre outras indignidades, essas famílias alimentavam-se de ratos, conforme amplamente divulgado pela imprensa à época.
A segunda série, contrapondo-se à gravidade da primeira, é composta por um conjunto de esculturas longilíneas. Trata-se de um grupo de mulheres cuja verticalidade remete ao ?impulso vital que as anima e que elas infundem ao espaço que as rodeiam. São mulheres cuja monumentalidade contrasta com o prosaísmo de suas poses, em uma prova incontestável da eloqüência dos detalhes?, define Farias.
Uma longa e tortuosa procissão de pequenas esculturas, derivações de trabalhos anteriormente realizados em terracota, disposta sobre uma grande mesa compõe a terceira série. Mulheres, crianças, casais copulando e animais é um ?fervilhamento de formas em si exuberantes, o resultado da liberdade das mãos, inebriadas pelo contato com a matéria, livres a plasmar a pujança da vida?.
A obra
O curador Agnaldo Farias ressalta que Stockinger é um artista de ?dotes múltiplos e imprevisíveis?. Segundo ele, a poética encontrada na obra de Stockinger conserva algo da sua imensa coleção de cactos, assunto em que é uma autoridade internacionalmente reconhecida.
?A trajetória de quase 60 anos de Stockinger, pontuada por uma prolífica produção escultórica, pode ser compreendida como uma longa trajetória sobre a matéria, aqui entendida na sua acepção mais ampla, numa abertura raramente encarada por seus companheiros de ofício?. O curador vai além e afirma que visitar a obra de Stockinger é ?tomar contato com a maior parte da gama de questões com que os artistas modernos se defrontaram?.
Farias também destaca a notável síntese do artista. Para ele, as esculturas nos trazem desde visões sobre a condição humana, a força vital que ?infunde ímpeto às coisas e a todos os seres existentes, até a possibilidade de que, sob as nossas mãos, um bloco de mármore, mesmo que imenso, possa ser dilacerado e amassado em sombras?.
Quem é Xico Stockinger
Nascido em 07 de agosto de 1919, na cidade de Traun, Áustria, Stockinger emigrou para o Brasil, em 1921 indo morar na cidade Santo Anastácio, São Paulo. Em 1946 inicia os estudos no Liceu de Artes e ofício do Rio de Janeiro. Apresentado a Bruno Giorgi, em 1947, no Rio de Janeiro, passa a trabalhar em seu estúdio até 1950.
Naturaliza-se brasileiro em 1956. Neste mesmo ano é eleito presidente da Associação Rio-grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, cargo para o qual foi reeleito mais duas vezes (em 1957 e 1978). Funda, em 1961, o Ateliê Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Instala escultura em bronze Dona Veridiana em praça pública da capital de São Paulo, obra encomendada pelo embaixador Assis Chateaubriand, em 1963.
Em 1974 é submetido à cirurgia cardíaca em São Paulo; contrai hepatite pós-operatória que o obriga a repouso. Começa a cultivar cactos, atividade na qual é uma das autoridades na América Latina. Cria escultura instalada na Praça da Sé. Um dos quatorze artistas brasileiros selecionados pela Prefeitura Municipal de São Paulo, dentro do projeto Arte na Praça de 1978. Em 1986 é operado pela segunda vez das coronárias, em São Paulo.
Organiza exposição comemorativa aos 80 anos de Bruno Giorgi, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Nesse mesmo ano é editado o livro Stockinger, edição patrocinada pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Companhia Iochpe de Participações, com o apoio da Fundação Pró-Memória/MINC. Lançamento do livro Stockinger, na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, Galeria Skultura, em São Paulo, e Galeria Cambona, em Porto Alegre. Em 1999 recebeu da Prefeitura Municipal de Porto Alegre a Medalha do Governo do Estado – Negrinho do Pastoreio.
Sobre o curador
Agnaldo Farias é professor doutor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e curador independente. Além de projetos em andamento realizou curadorias, entre outras instituições voltadas à arte contemporânea, para o Instituto Tomie Ohtake e para a Fundação Bienal de São Paulo, tendo sido curador da Representação Brasileira da 25a Bienal de São Paulo (1992), curador-adjunto da 23a Bienal de São Paulo (1996) e da 1a Bienal de Johannesburgo (1995). Foi Curador-Geral do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1998/2000) e Curador de Exposições Temporárias do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (1990/1992).
Farias já publicou dezenas de catálogos e artigos em revistas e jornais, nacionais e internacionais. É o organizador do livro ?Bienal 50 anos?, São Paulo, Fundação Bienal de São Paulo, 2002; e autor dos livros ?Daniel Senise – The piano factory?. Rio de Janeiro, Andréa Jacobsen, 2003; ?Arte brasileira hoje?. São Paulo, Publifolha, 2002; ?La arquitetctura de Ruy Ohtake?. Madrid, Celeste, 1997. Atualmente finaliza uma pesquisa sobre a obra de Amélia Toledo.
Serviço
Stockinger – Bronzes
De 26 de novembro até 29 de janeiro de 2006
Patrocinadores: Petrobras e Gerdau
Onde: Museu Oscar Niemeyer
Endereço: Rua Marechal Hermes, 999
Centro Cívico ? CEP: 80530-230
Telefone: (41) 3350-4400
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h
Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes identificados
(Crianças de até 12 anos, maiores de 60 e grupos de estudantes de escolas públicas pré-agendados não pagam)
Solicitação de Agendamento entre em nosso site na pasta Ação Educativa, em Agendamento
www.museuoscarniemeyer.org.br