Brasil exporta método de ensino para samba e baião

Quem estuda música poderá tocar, a partir de hoje, com Guilherme Ribeiro no piano e acordeão, Carlos Ezequiel na bateria e Gilberto Syllos no contrabaixo. É que será lançado, com show no Syndikat, em São Paulo, um novo método de música instrumental brasileira com acompanhamento da editora Souza Lima, criada há um ano e meio pela Faculdade Souza Lima & Berklee, onde esses músicos também lecionam. O método “Série Play Along – Samba e Baião” terá sete músicas inéditas compostas pelos artistas com a pegada moderna do samba e do baião.

Segundo Antonio Mário da Silva Cunha, diretor do Souza Lima, este será o décimo lançamento da editora, que conta com sete livros de ensino de técnica musical e três play along. Aproveitando o sucesso que ainda faz a bossa nova no exterior, a editora firmou um acordo com a editora alemã Advance Music, que traduzirá o livro para que seja vendido também nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.

“O livro serve como instrumento de interligação entre culturas entre países e a divulgação da música brasileira”, diz Cunha, que com apoio ora do Ministério da Cultura, ora de consulados, percorre países da Europa para ampliar participar de congressos e fazer contatos. A Souza Lima, por exemplo, há 14 anos tem um acordo com a Berklee College of Music, em Boston, nos EUA, na área de intercâmbio estudantil.

O baterista Ezequiel, indicado ao Latin Grammy 2002 e ao Prêmio Visa 2001, conta que apesar do interesse do público estrangeiro por bossa nova, pouca coisa chega lá fora de chorinho e praticamente nada da música instrumental brasileira contemporânea, que a partir da década de 60 fundiu os ritmos nacionais, como o samba e o baião, com o jazz.

“Um estilo muito forte de música instrumental brasileira, completamente desconhecido lá fora é o samba-jazz. Eu fiz recentemente uma turnê pela Europa, fiz contatos em universidades, e a receptividade lá para essa música é gigantesca. Eles não tinham ideia dessa diversidade instrumental, só conheciam bossa nova e tinham só ouvido falar de choro”, explica o músico, que também faz parte das bandas Sinequanon, SVCD, LF 4TETO.

Segundo ele, o livro é acompanhado de dois discos, feitos de uma forma em que não apenas os estudantes de instrumentos melódicos possam tocar, mas também os que estudam instrumentos rítmicos. É possível tocar junto com todos os músicos do disco ou selecionar os instrumentos. “Quem estuda bateria, por exemplo, pode selecionar a faixa em que não há o som que eu toco no disco para acompanhar o piano e o baixo, por exemplo. Isso é algo novo num play along.”

Mercado

As editoras desse segmento amargam no Brasil uma queda nas vendas de partituras e métodos de ensino de música e enfrentam a pirataria na web. Osmar Nogueira, gerente de edições da Editora Ricordi, uma das grandes do País, conta que nos últimos 14 anos as vendas caíram de 30% a 40%. “A internet e as máquinas de fotocópia colaboraram para essa queda”, lamenta.

Para ele, não é o preço de capa que afasta o consumidor. Com catálogo de 4.013 títulos entre partituras, métodos e play alongs, a editora elevou os preços em 10% nos últimos três anos. “Mas os custos com gráfica, salários, taxas públicas subiram o dobro. E se o aluno precisa de uma música, ele faz cópia. Esse é o problema das partituras.”