Bienal do Livro mostra que brasileiro gosta de ler

Começa nesta quinta-feira a 18.º Bienal do Livro de São Paulo, a terceira maior feira de livros do mundo. A primeira é a de Frankfurt, na Alemanha, seguida pela Expo América, nos Estados Unidos. Cerca de 600 mil pessoas são esperadas no evento, que reúne 1,3 milhão de exemplares de livros em 320 estandes no Centro de Exposições Imigrantes. São 150 mil títulos expostos ao público, dos quais 2 mil estão sendo lançados durante a bienal. Mil escolas já estão com visitas agendadas.

Quem for à bienal poderá comprar livros com até 30% de desconto sobre o valor de capa. Trata-se da promoção “Livro do Dia”, em que cada expositor vai oferecer um título por dia com desconto. A organização do evento calcula que nos 11 dias de evento cerca de 15 mil livros entrarão em oferta.

A programação prevê ainda encontro entre autores e leitores no Salão de Idéias. Cerca de 100 escritores nacionais e estrangeiros vão se encontrar com o público em quatro ou cinco sessões diárias, com duração média de duas horas. Entre os escritores estrangeiros que participarão do Salão de Idéias estarão o americano Nick McDonell (Doze), o francês Daii Sijie (Balzac e a Costureirinha Chinesa); o irlandês Eoin Colfer (Artemis Fowl: O Código Eterno) e o português Carlos Fino (A Guerra ao Vivo). Entre os autores nacionais o destaque será a escritora Lygia Fagundes Telles, que lançará a Antologia Meus Contos Preferidos. No dia 24 haverá uma tarde de autógrafos, prevista para 15h, no estande da editora Rocco.

Serviço:

Data e horário de funcionamento:A Bienal ficará aberta ao público até 25 de abril, das 10h às 22h.

Local: Centro de Exposições Imigrantes (SP) – Rodovia dos Imigrantes (km 1,5)Acesso pela Rodovia dos Imigrantes e Avenida Miguel Stéfano.

Transporte gratuito: microônibus urbanos farão o traslado gratuito à bienal (ida e volta), partindo da Estação Jabaquara do Metrô. O serviço na estação começa às 8h30 e termina às 21h30. Para a volta, o último horário de partida do Centro de Exposições Imigrantes é 22h30.

Bilheteria: adultos pagam R$ 8; estudantes, R$ 4 (mediante apresentação de identificação escolar). Crianças até 12 anos e adultos acima de 65 anos têm entrada grátis. Professores em exercício, autores, bibliotecários e profissionais do livro também têm entrada gratuita, mediante apresentação de comprovante profissional.

Alimentação: haverá duas praças de alimentação, com restaurantes, lanchonetes e áreas de descanso. No prédio da administração funcionará o restaurante Santo Colomba, que abrirá das 12h às 16h para almoço, e após as 18h para happy hour, com piano bar e serviços de sanduíches, cremes, bebidas e aperitivos.

Estacionamento: veículos de passeio pagam R$ 12 e motos pagam R$ 10.

Boas novidades do mercado editorial

Das 830 editoras representadas na Bienal do Livro, algumas estão dando o primeiro passo agora ou caminhando em outra direção depois de alguns anos de experiência no mercado. No primeiro caso estão a Alameda e a Barcarolla. No segundo, a Landmark e a Pallas. Desafiando a crise que traumatizou o mercado editorial no ano passado, os novos profissionais ingressam confiantes na área e apostam na reformulação do mercado leitor brasileiro, oferecendo ao público títulos diferenciados.

A Alameda, criada em São Paulo pelo casal de jornalistas Joana Monteleone e Haroldo Ceravolo Sereza, começa com o livro do historiador Lincoln Secco,” A Revolução dos Cravos”, em comemoração aos 30 anos do movimento que derrubou a ditadura em Portugal. A Barcarolla chega com três títulos provocantes sobre temas contemporâneos: um sobre terrorismo, outro sobre o consumo de drogas entre os jovens e ainda um terceiro sobre a indústria cinematográfica americana, que virou best-seller na França.

Das editoras que estão no mercado há algum tempo e mudaram de rumo, a Pallas foi a que deu a guinada mais radical: aceitou o desafio de publicar obras afro-brasileiras e virou uma editora de escritores negros. A Landmark, mais cautelosa, preferiu entrar no mundo dos clássicos, oferecendo como atrações edições bilíngües e recentes traduções de autores como Henry James e Victor Hugo. No segundo semestre, a editora lança seu empreendimento de maior fôlego, uma nova tradução do clássico A Divina Comédia, de Dante.

“Nossa intenção é resgatar títulos fora do mercado ou sem tradução recente, como os contos de Oscar Wilde ou A Outra Volta do Parafuso, de Henry James”, explica o editor Fábio Cyrino, mestre em História da Arquitetura. Ele lança ainda este ano um livro sobre a arquitetura da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. “Esse é um outro segmento esquecido pelo mercado”, observa Cyrino, prometendo lançar autores novos pela Landmark. Um deles é o paranaense Almir Corrêa, que estreou com o elogiado livro infanto-juvenil, Marvin, O Aprendiz de Feiticeiro, premiado pela Fundação Nacional do Livro.

A concorrência não incomoda o editor da Landmark. “O País tem espaço para todos e cresceu muito o número de leitores no Brasil”, justifica. Ainda assim, um país como a França registra um consumo de 10 livros/ano por habitante, enquanto no Brasil a média é de dois livros. As tiragens acompanham esses números modestos: enquanto nos Estados Unidos qualquer livro chega facilmente à marca dos 100 mil exemplares, aqui, uma primeira edição raramente ultrapassa 3 mil exemplares.

Autores nacionais são destaque este ano

Livro é Vida é o tema da palestra com que a escritora Lygia Bojunga inaugura o Salão de Idéias, às 11 horas da sexta-feira. A escolha da autora e o teor de sua conversa não são fortuitos – vencedora do recente prêmio Astrid Lindgren Memorial Award, da Suécia, pelo conjunto de sua obra, Lygia personifica o próprio sucesso do escritor brasileiro, que será a principal figura da Bienal do Livro paulistana.

Os números são os principais aliados de tal apoio: hoje, cerca de 80% dos livros editados anualmente no Brasil são de autores nacionais. A produção, na verdade, atende também a uma demanda, como prova o fenômeno Lya Luft, cuja obra é editada pela Record. Seu maior sucesso, Perdas e Ganhos, chega à proeza de vender 4 mil exemplares por dia. “Nunca tivemos antes um título que ultrapassasse a marca de 50 mil por mês”, comenta Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record. Lya é a atração do sábado, dia 17, no Salão de Idéias.

Outros nomes destacados da literatura nacional compõem a grade de programação do evento, como Nélida Piñon, Tatiana Belinky, Domingos Pellegrini, Rubem Alves e Adélia Prado, entre outros. Todos estarão envolvidos no grande número de debates e lançamentos que normalmente marcam a Bienal do Livro – neste ano está previsto o lançamento de 2 mil títulos.

Estão programados, por exemplo, os novos livros de Carlos Heitor Cony (A Revolução dos Caranguejos), Luis Fernando Verissimo (A Mancha) e Zuenir Ventura (Um Voluntário da Pátria), todos pela Companhia das Letras. Ou ainda a reedição da obra teatral de Nelson Rodrigues, pela Nova Fronteira. Figura sempre esperada na Bienal, Lygia Fagundes Telles vem com a coletânea Meus Contos Preferidos (Rocco).

Além do Salão de Idéias, a Bienal terá também o Café Paulicéia, espaço em homenagem aos 450 anos da cidade. Serão debates sobre a formação cultural e histórica de São Paulo, nos quais participarão nomes de todas as áreas, como o músico Tom Zé o cineasta Ugo Giorgetti, o poeta Mário Chamie, entre outros.

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