Bianca Rinaldi recusa convite da Globo para protagonizar novela na Record

Não é todo dia que uma mesma atriz é disputada por duas emissoras. Mas foi exatamente isso que aconteceu, há poucas semanas, com Bianca Rinaldi. Primeiro, ela foi convidada pelo diretor Jayme Monjardim para atuar na próxima novela das oito da Globo, América, de Glória Perez. A personagem, pondera a atriz, ainda não estava definida. Poucos dias depois, outro convite. O novo diretor de teledramaturgia da Record, Herval Rossano, queria saber se Bianca gostaria de protagonizar o novo projeto da emissora, o ambicioso “remake” de Escrava Isaura. Na mesma hora, a atriz não teve mais dúvidas… “A Globo não tinha nada concreto para mim. Já a Record fez um convite bastante tentador. Fazer a protagonista de uma novela é o sonho de qualquer ator”, generaliza Bianca.

Exagero ou não, Bianca já teve a oportunidade de realizar esse sonho por duas vezes. No SBT, ela já esteve à frente de Pícara Sonhadora e A Pequena Travessa. Mas, em nenhuma delas, a atriz tinha em mãos uma personagem tão marcante quanto a escrava branca que sofre horrores nas mãos do cruel senhor. O romance de Bernardo Guimarães foi adaptado para a tevê pela primeira vez em 1976, pelas mãos do autor Gilberto Braga e do próprio Herval Rossano. Na época, o diretor optou por uma então novata, Lucélia Santos, para assumir o papel-título. Quando a novela foi ao ar, Bianca Rinaldi tinha apenas dois aninhos. Das outras vezes que foi reprisada, a atriz nunca conseguiu acompanhá-la. “Quando era menor, só fazia estudar e praticar ginástica olímpica. Nunca fui muito de ver televisão. Só os filmes da Lassie”, ressalva.

Só a música

Da versão original, Bianca jura não lembrar de absolutamente nada. Nem de uma ceninha sequer. A única recordação que ela guarda é da música de abertura, Retirante, composta por Jorge Amado e Dorival Caymmi especialmente para a novela. “Mas faço questão de assistir depois que eu compuser a minha Isaura. Só assim, não corro o risco de copiar um gesto ou uma entonação de voz”, admite. Mesmo assim, Bianca sabe que vão logo tratar de compará-la com a já veterana Lucélia Santos. Paciência. Que venham as comparações, desdenha a atriz. “Sei que a responsabilidade é grande, até mesmo pelo sucesso que a novela fez. Mas estou confiante. O Herval me passa muita segurança”, observa.

Mas a responsabilidade de interpretar a nova Isaura não é só grande. É dupla também. Afinal, Bianca Rinaldi nunca fez um trabalho de época na televisão. “Já deu para perceber que a atenção tem de ser redobrada. Linguagem, postura, gestual, tudo, enfim, é diferente”, constata. Para se ambientar ao regime de escravidão que reinava no Brasil do século XIX, a atriz tratou logo de reler o livro de Bernardo Guimarães, que ela já conhecia dos tempos da escola. Nele, viu um pouco do que lhe espera: sofrimento, muito sofrimento. Repudiado por Isaura, o cruel Leôncio obriga a escrava a fazer trabalhos pesados na lavoura e chega até a prendê-la no tronco. “Nas duas outras novelas que protagonizei, também sofri bastante. Já estou acostumada. Não costumo levar personagem para casa”, avisa.

Sem a Globo

Aos 29 anos, Bianca Rinaldi é um raro exemplo de atriz que conseguiu se firmar na televisão mesmo sem ter feito novelas na Globo. Atualmente, a atriz está no ar com a reprise de Pícara Sonhadora, do SBT, sua primeira experiência como protagonista, que rende média de 13 pontos no ibope. Seu trabalho favorito, porém, foi A Pequena Travessa. Nele, não interpretou apenas um, mas dois personagens. Um deles, aliás, um menino… “Certa vez, cheguei tão cansada das gravações que sentei com uma das pernas por cima do braço da poltrona e nem notei. Naquele dia, eu levei o personagem para casa, sim”, reconhece ela, com uma risada constrangida. Desde que estreou na teledramaturgia em 1997, como a professora de ginástica Úrsula de Malhação, a ex-paquita nunca mais voltou à Globo. Mas isso também, é bom que se diga, não chega a tirar o sono da mais nova “estrela” da Record. “Tudo tem a sua hora”, desconversa.

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