Banda Rivotrill se apresenta do Teatro Achieta em SP

“A impressão que dá é como se a percussão fizesse a harmonia e os instrumentos de harmonia, o ritmo.” Parece coisa de maluco, mas essa é a sensação que muitas vezes tem no palco o músico Eluizo Júnior, da banda pernambucana Rivotrill, que se apresenta na segunda-feira no Teatro Anchieta, em São Paulo. Para ele, isso não é uma maluquice qualquer, uma vez que é a percussão que cria o ambiente para a música contagiante da banda, que mescla ritmos nordestinos e afro ao jazz, ao rock progressivo e à música erudita. Será a terceira atração do Sesc Instrumental Brasil, que já levou ao palco Pepeu Gomes, a big band Bissamblazz e, no dia 26, trará o mestre do choro Altamiro Carrilho.

A banda apresentará músicas do “Curva de Vento”, disco de estreia gravado em 2007, mesmo ano em que a banda fez sucesso no carnaval polifônico RecBeat, em Recife, no primeiro show da banda. “A música da gente é feita como se fossem pequenos contos”, explica o músico, que toca saxofone e flauta. “Chuva Verde”, por exemplo, representa a chuva no sertão. “Em alguns momentos, a flauta faz as gotas de chuva e a música vai mudando de cores, como a maioria das nossas músicas. A gente trabalha com o dia, a noite, a tristeza e a alegria.”

Já a música “Casa” revela muito sobre a forma como o disco foi gravado. Júnior, o percussionista Lucas dos Prazeres, o contrabaixista Rafael Duarte e a equipe de produção se instalaram em uma casa alugada, onde foram instalados microfones em todos os cômodos. “A gente não queria efeito sonoro artificial. O som da flauta foi gravado no banheiro. Quando fomos mixar, ao invés de fazer um ‘reverb’ artificial (efeito que prolonga o som), aumentávamos o som do microfone do banheiro. E tem percussão gravada na sala, nos quartos, em todo lugar.”

Mas uma série de sons que foram improvisados durante a busca de sonoridades entre os cômodos da casa sobraram e, a partir disso, surgiu a música “Casa”. Além das músicas do disco, lançado em 2008, a banda vem ensaiando tocar uma música do Hermeto Pascoal e, também, a sempre executada em seus shows “Living the past”, do Jethro Tull.

Sem Prescrição Médica

Outra marca registrada desse trio é a alternância nos timbres, uma fórmula que Júnior avalia importante para não cansar os ouvidos do público, que aos poucos se aproxima da música instrumental. O palco geralmente é repleto de instrumentos, porque numa mesma música, é possível ouvi-lo tocando sax, flauta, escaleta ou teclado. Da mesma forma, Lucas não se restringe à bateria, usando vários outros instrumentos rítmicos, ou seriam harmônicos? “O Brasil não tem cultura de música instrumental, e vejo que tem gente que se cansa dos mesmos timbres. E a gente criou essa coisa para dar mais colorido.”

A fusão de estilos, em sua avaliação, também contribui. Segundo ele, só se pensa em blues quando se fala em música instrumental, mas há em sua música confluência dos ritmos brasileiros e da música erudita. “O campo para o instrumental está se abrindo, o público tem parado mais para escutar”, explica ele, que faz bacharelado em música pela Universidade Federal de Pernambuco. O fato é que essa química esquenta o público porque, diferentemente do remédio “Rivotril”, a intenção da banda pernambucana é não deixar ninguém calmo na cadeira. “Esse nome foi ideia da minha irmã, e a gente gostou, porque tem forte sonoridade, tem essa coisa do trio.”

Rivotrill. Instrumental Sesc Brasil. Segunda-feira, dia 19, às 19 horas. Teatro Anchieta do Sesc Consolação, em São Paulo. 320 lugares. Rua Doutor Vila Nova, 245. Telefone: (11) 3234.3000. Livre. Grátis. Retirada de ingressos com uma hora de antecedência na bilheteria.

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