Assinatura brasileira global, mas com o foco no local

Durante a semana de desfiles em Paris, a Embaixada Brasileira abriu as portas ao público para a exposição Bloom – Brasil Saboroso, exibindo peças de estilistas como Pedro Lourenço, Patricia Bonaldi, Lenny Niemeyer, Ronaldo Fraga e Oskar Metsavaht. Além dos vestidos, foram apresentados móveis e objetos de designers como os irmãos Campana. Quem assina a curadoria da mostra é a holandesa Li Edelkoort, editora e trendsetter, considerada uma das pessoas mais influentes da moda pela revista americana Time.

Recentemente, Li Edelkoort fez um estudo amplo sobre a cultura brasileira, registrado em sua revista Bloom (daí o nome da exposição). O evento faz parte de um projeto para impulsionar as exportações de moda, promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e a Associação Brasileira de Estilistas (Abest).

“Os estilistas brasileiros deveriam expressar mais suas origens. Quem quer ser global tem de manter o foco no local”, afirma Li Edelkoort. “Yves Saint Laurent é absolutamente parisiense, Ralph Lauren é completamente americano, Yohji Yamamoto é japonês. Quem valoriza suas raízes tem mais chances de ser bem-sucedido.”

Pedro Lourenço preparou um desfile digital, projetado em uma grande sala do hotel Le Bristol, para convidados e a imprensa. Sua coleção foi inspirada nos anos 1980 e trouxe tecidos tecnológicos, couros, um neoprene leve e padronagens criadas por ele, inspiradas em conchas, caracóis e animais rajados da savana. Pedro vem sendo sondado por investidores estrangeiros e é um dos principais nomes brasileiros na capital francesa. “Acompanho a evolução de seu trabalho e acho que ele tem muitas chances de estourar por aqui”, diz a jornalista francesa Marie Christiane Marek.

A estilista Patricia Bonaldi, influente no Instagram com mais de 700 mil seguidores, também fez uma apresentação para a imprensa, no Le Bristol. Seus vestidos bordados com temas florais foram dispostos em manequins como se estivessem em uma festa. Há dois anos, Patricia frequenta as feiras de moda de Paris e suas criações estão em cerca de 15 países, entre eles Japão, Rússia, Arábia Saudita e Espanha.

Com o apoio da Apex, que financia 70% dos custos, 18 marcas brasileiras participaram de feiras e showrooms nesta estação. Os negócios realizados por lá somam US$ 1.278.000, de acordo com os dados divulgados pela assessoria da Abit. “Quando comecei a trabalhar com as marcas nacionais em Paris, há 12 anos, as pessoas perguntavam: existe moda no Brasil?”, lembra Alfredo Mascarenhas, consultor da estilista mineira Fabiana Milazzo. “Hoje estamos mais conhecidos e, apesar de nossos estilistas representarem o caldeirão de influências que é o País, todos têm uma característica em comum que é apreciada pelos estrangeiros: fazemos roupas com vibração e alegria.”

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