“As Melhores Coisas do Mundo” leva 8 troféus

Foi uma vitória acachapante. A mostra competitiva do 14.º Cine PE – Festival do Audiovisual foi amplamente dominada por um só filme e o júri entendeu desta maneira, consagrando “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodanzky, com oito troféus Calunga, incluindo os de melhor filme, diretor(a), ator (Francisco Miguez) e roteiro (Luiz Bolognesi). Na crítica, houve certa tentativa de polarização, com uma parcela inclinando-se para votar no filme de Jorge Durán, “Não Se Vive Sem Amor”, mas prevaleceu o bom senso e Laís recebeu também a Calunga dos críticos.

A escolha, por mais acertada que tenha sido, não deixou de provocar polêmica. Afinal, “As Melhores Coisas” já está em exibição na região Sudeste e até em algumas praças do Nordeste (Salvador), mas foi segurado no Nordeste justamente para permitir que concorresse no Recife, onde Laís já havia sido superpremiada em 2002, com “Bicho de Sete Cabeças”, além de haver apresentado, no ano passado, no encerramento, “Chega de Saudade”. A diretora admitiu que estava ali também para ‘passar férias’ no Festival do Recife. Cumpriu seus compromissos oficiais, mas foi à praia e, no sábado à noite, ao show da banda Nouvelle Vague, que se apresentou em Olinda.

Foram oito subidas ao palco do Cine São Luiz, no Centro do Recife. A sala, uma das mais tradicionais da cidade, foi restaurada e abrigou a exibição do documentário “Continuação”, de Rodrigo Pinto, sobre o cantor e compositor Lenine. Ele lembrou as matinês da sua infância, seguidas dos doces da Confeitaria Confiança, ambos ecos de um Recife um tanto mítico da sua memória.

Embora a competição tenha sido dominada por “As Melhores Coisas do Mundo”, o júri resolveu não concentrar todos os prêmios e achou qualidades em outros dois. “Léo e Bia”, de Oswaldo Montenegro, recebeu Calungas de melhor atriz (para Paloma Duarte) e trilha (do próprio diretor). A vitória de Paloma foi indiscutível – a rigor, não havia nenhuma outra candidata ao prêmio. As Calungas de coadjuvantes teriam ficado bem, se atribuídos a Denise Fraga e Gustavo Machado, de “As Melhores Coisas”, mas o júri preferiu destacar Bruno Torres e Mariana Nunes, por “O Homem Mau Dorme Bem”. O longa de Geraldo Moraes, representante do Distrito Federal, recebeu também o prêmio do público.

Outros dois prêmios couberam a “Sequestro”, de Wolney Atalla. Pode-se negar o filme, por sua ideologia, mas o partido do diretor, de tratar seu documentário como se fosse um thriller cheio de ação e suspense, repousa sobre dois elementos – a montagem e o roteiro. Ambas as categorias levaram Calungas (o de roteiro foi dividido com Bolognesi). O veterano ator Rogério Froes ganhou o prêmio especial do júri por sua importante contribuição à cultura, ao teatro e ao cinema brasileiros.