Artistas paranaenses expõem no Espaço Intercultural

Com o tema Entre o Linear e o Pictórico, a exposição sugere uma percepção aguçada do espectador, a fim de vislumbrar as sutilezas das tramas criadas por meio de linhas sobre a superfície do papel, com um franco apelo à visualidade. Seja por meio da costura, do lápis, da corrosão do ácido na placa de metal, do nanquim ou por meio digital, a linha estrutura a forma e dá corpo ao desenho. O Espaço Intercultural, localizado na Intercultural Cursos no Exterior – rua Benjamin Lins, no bairro Batel, em Curitiba – recebe as obras de cinco artistas paranaenses entre os dias 16 de setembro e 10 de outubro.

Cada artista exprime características pessoais nos trabalhos, mas, ao mesmo tempo, o grupo revela uma semelhança por meio das nuances das obras. A linha é o elemento constituinte e constrói poéticas pessoais.

Os trabalhos de Elisa Gunzi surgem por meio de linhas finas e delicadas que são realizadas com nanquim sobre papel. A artista reproduz parcialmente alguns detalhes que foram observados em estampas japonesas, sejam em revistas especializadas, catálogos de gravuras dos grandes mestres ou até mesmo de papéis para origami. O que vislumbramos no conjunto da obra é o resultado de uma miscelânea de tramas diversas que, numa espécie de “colagem”, fala mais da forma do que de seu conteúdo.

Os trabalhos de Evandro Gauna constroem-se a partir de pontos, linhas agulha e papel. São desenhos isolados, pequenos com espaços vazios, solicitando o preenchimento dessas lacunas pelo espectador. Desenhos que, por entre as costuras sobre o papel, buscam alinhavar memórias que se esvaem com o tempo.

Os desenhos de Haydée Guibor são frutos de olhos atentos. Para a artista, o lápis é o instrumento que possibilita a expressão do trabalho. No seu processo de criação, as relações que se estabelecem são as da linha com o gesto e destes com o olhar que se volta para o suporte, e o desenho se consolida. As imagens surgidas desenvolvem a percepção visual, e as formas são modificadas em mensagens irreais, sensoriais, inimagináveis, que estimulam o olhar.

Os desenhos de Hugo Mendis utilizam linguagens opostas à primeira vista, mas que se complementam em sua finalidade: como a questão pessoal (memória) e a impessoal (falta da gestualidade), a autoria (a feitura) e a não-autoria (apropriação), a analogia (semelhança) e a ironia (diferença). São desenhos a nanquim sobre o papel que fazem parte da série intitulada Agora é Meu. Neles, imagens de propagandas ou produtos antigos são apropriadas e repassadas para o papel a partir de linhas horizontais, formando uma espécie de imagem escaneada pela memória e desgastada pelo tempo.

Já nas gravuras de Renato Torres, as linhas surgem entre formas orgânicas. Seus trabalhos não se pretendem figurativos ou descritivos, gerando a ambigüidade na forma e multiplicidade de sentidos e suscitando assim, um desdobramento de imagens que podem remeter a múltiplas significações.

Serviço

Artistas paranaenses expõem no Espaço Intercultural

Data: 16 de setembro a 10 de outubro

Local: Espaço Intercultural – Rua Benjamin Lins, 609, sobreloja, Batel – Curitiba

Entrada Franca