Artesanato movimenta Londrina

Se na década de 20, o artesanato era dote de moças prendadas, no século XXI ganhou status de fonte de renda. Em Londrina, 30% da atividade informal corresponde à produção e venda de artesanato. De 5 mil indústrias informais, 1,5 mil dedicam sua produção aos trabalhos artesanais.

Somente a Associação de Trabalhadores do Artesanato de Londrina (Atal), maior entidade do município ligada à essa área, tem 54 artesãos cadastrados, dos quais cerca de 10 têm no artesanato a única fonte de renda. Diante do crescimento desse nicho no Brasil, já é possível empregar o termo “profissionais do artesanato”. Observando os dados fornecidos pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e diante da profissionalização dos artesãos, a Secretaria Municipal da Mulher incluiu cinco cursos diferentes na programação da 12.ª Semana da Mulher. Fuxico, bordado, macramê, arranjos e decupagem são os temas dos cursos, cada um com três dias de duração.

Segundo dados da Associação do Desenvolvimento da Indústria Informal do Paraná (Adipar), 180 pessoas têm cadastro permanente na entidade, sendo apenas 10 deles artesãos. Na associação, o termo “artesanato” refere-se à produção em pequena quantidade, não industrializada. Para Elza da Silva, assistente administrativa da Adipar, essa é a justificativa para o baixo número de artesãos cadastrados na entidade. “Consideramos artesanato a produção de crochê, tricô ou bonecas, por exemplo. Incluímos em outra área as pessoas que produzem vassouras, carrinhos de mão ou que trabalham na área de confecção de roupas”, explicou.

A maioria dos 180 cadastros permanentes da Adipar é de pessoas ligadas à produção de alimentos. Segundo Elza, a estimativa da entidade corresponde ao número apresentado pela CMTU. “Concordamos com o dado de 5 mil indústrias informais em Londrina. Isso porque o número contabiliza desde vendedores ambulantes até os produtores artesanais”, comentou.

Neusa Alves Ferreira disse concordar com a idéia de que o artesanato não é somente ocupação ou terapia, mas que constitui hoje oportunidade de geração de renda. “Com o desemprego, fazer artesanato é sim uma fonte de renda. É por isso que estamos aperfeiçoando e capacitando nossos artesãos”, destacou. Neusa disse que os associados estão em constante contato com a CMTU a fim de organizar um grupo de exportação dos produtos.

A Atal foi fundada em novembro de 1996. A Prefeitura de Londrina cedeu espaço no mercado municipal da Vila Casoni (região central) para que a associação possa instalar sua nova sede. A Companhia de Desenvolvimento de Londrina (Codel) doou as divisórias que vão separar os grupos. A nova sede deve ser inaugurada no início de abril.

Batalhadoras

Rosalina Batista é membro da Associação de Mulheres Batalhadoras do Jardim Franciscato (região sul), que integra mais de 40 mulheres da região, sendo que 15 delas têm no artesanato a única fonte de renda. A entidade existe há 12 anos. “Eu mesma sobrevivo de palestras e do artesanato que eu produzo. É uma fonte de renda e uma terapia”, opinou.

O curso de decupagem é o terceiro previsto no cronograma da Semana da Mulher e será ministrado nos dias 29, 30 e 31 de março pela artesã Maria Aparecida Pascolatti, 42 anos, a “Cidinha”. A decupagem, segundo ela, é uma técnica de colagem com retalhos de revistas e papéis coloridos. Os retalhos são colados em recipientes e cobertos com verniz transparente e tinta auto-relevo nas emendas. Para o curso, Cidinha vai usar caixas de leite que serão transformadas em embalagens para presente. “O resultado é algo parecido com a decoração de um vaso chinês”, explicou.

Cidinha Pascolatti integra a Associação de Mulheres do Jardim Bandeirantes e do Sabará (Ambas), da região oeste. A entidade existe há três anos e reúne 50 mulheres, que trabalham com material reciclável. “Uma associada ensina a outra”, relatou. Segundo ela, a minoria das mulheres usa o artesanato como fonte de renda, já que “a área da Ambas é de bairros de classes média e alta”. “Nosso objetivo é atender a dona de casa que precisa se reciclar culturalmente. Formamos grupos para ir a teatros e espetáculos, discutimos atualidades. O artesanato para essas mulheres é uma terapia”, disse.

A Secretaria da Mulher também vai realizar o curso de arranjos nos dias 19 e 26 de março, que será ministrado por artesãs do Grupo de Mulheres do Conjunto Habitacional Tito Carneiro Leal (Saltinho), na região sul. Todos os cursos são realizados no Centro de Referência do Artesanato de Londrina (Cereal), que fica na Avenida Rio de Janeiro, 187, das 13h30 às 17h.

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