Aprendizado & Fotografia

Quanto mais me envolvo com as experiências vividas por pessoas das mais variadas profissões e idades que participam de um curso de Fotografia, mais me impressiono com a riqueza da alma humana. Riqueza em propor e aprimorar soluções.

Existe a idéia, compartilhada por várias culturas, de que aprende quem se defronta com o que desconhece. E um dos mais significativos momentos de caos no aprendizado da Fotografia acontece quando o participante é convidado a escolher o tema de seu interesse. Tema que ele desenvolverá fotograficamente.

Assim, peço licença ao leitor para abordar a crise da escolha do tema fotográfico. E estou certo que este assunto pode interessar não somente aos que planejam um dia participar de um curso de Fotografia, mas a todos que se entusiasmam diante dos mistérios da criatividade humana.

A escolha do tema fotográfico parece ser um dilema para 8 entre cada 10 pessoas. Dilema que revela uma das crises mais significativas do aprendizado da Fotografia, uma vez que pode levar tanto à aceleração do desenvolvimento do conhecimento quanto ao caos da paralisação. Em outras palavras, pode tanto aquecer quanto esfriar o aprendizado.

Imagine que você caminha tranqüilamente sobre as águas à velocidade – e beleza – da luz. Enquanto isso, há pessoas em um barco, nas mesmas águas, que remam duro contra o vento forte. Pois esta parece ser a diferença de aprendizado entre quem faz a escolha certa do tema fotográfico e quem faz a escolha errada.

Quem faz a escolha certa desenvolve mais efetivamente seu aprendizado. Do tema certo emana uma aura positiva que integra o homem (e refiro-me tanto a homens quanto mulheres) à Fotografia, em um movimento natural de sentido duplo: movimento que aproxima estudante e tecnologia expressiva, e que o afasta das dificuldades técnicas irrelevantes. Concentrando-se nas dificuldades técnicas mais importantes, o estudante elimina a sensação comum de que a câmera fotográfica de nossa época é um labirinto mágico de dificuldades ilimitadas.

Assim, cabe ao instrutor tirar o estudante do caos da indefinição do tema. Cabe ao instrutor evitar que o estudante escolha um tema inadequado ao seu aprendizado. Em última análise, cabe ao instrutor equipar o estudante com a tecnologia, a visão criadora que o fará desenvolver seu conhecimento até o limiar do imaginável. E antes que os pessimistas quanto ao seu potencial de aprendizado fotográfico intimidem-se, com a ferramenta certa 10 em cada 10 pessoas alcançam este estágio.

Exemplificando com fatos tirados dos cursos que oriento, há o caso da designer de moda que já tinha o seu tema em mente, mas que em posse da ferramenta certa confirmou-o: o nu artístico. E o vendedor de tratores que, apesar de ter morado praticamente toda a vida na maior cidade do Brasil, elegeu os passarinhos da Serra do Mar para tema de seu ensaio fotográfico.

São potencialmente infinitas as possibilidades de tema que podem ser desenvolvidas em um curso de Fotografia. Mas impressionantemente específicas: cada participante pode descobrir o tema único que cabe somente a ele ou ela desenvolver. Este tema especial não apenas integra o estudante ao aprendizado, mas efetivamente acaba por integrar o ser humano a si mesmo e ao mundo. E isto porque o tema certo está no coração do aprendizado.

Roberto Lopes é fotógrafo e editor do site de Fotografia exclusivo do Paraná Online, Pensamento Fotográfico www.parana-online.com.br/fotografia

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