Aos 50 anos, Record lembra que já foi a televisão mais poderosa e inovadora do Brasil

A Record completa cinco décadas em 27 de setembro envolta em nostalgia. Foi este o clima dos especiais que a emissora exibiu em comemoração aos 50 anos. E não é para menos. A emissora já teve o peso equivalente a uma Globo. Na verdade, não só a Record, mas todas as emissoras do país ficaram para trás no final da década de 70, quando começou o poderio global na audiência. A Record foi a segunda emissora a entrar no ar no Brasil, três anos após a Tupi. Entre 1954 e 1973, a emissora produziu os principais programas, tinha os melhores profissionais e a maior estrutura. Lançou os “coronéis” da MPB – Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil… – nos festivais, ditou moda com o Jovem Guarda de Roberto Carlos e produziu sucessos como o humorístico Família Trapo, com Ronald Golias, Jô Soares e cia…

Tal façanha é inimaginável para a Record dos dias de hoje. O comando da emissora não tem a ousadia dos tempos áureos e nem parece ser esse o objetivo. Hoje a Record briga com a Band pelo terceiro lugar do Ibope, perdendo para o SBT, em segundo, e a Globo. A grade de programação da Record atira para todos os lados. O resultado é de mediano para ruim.

É bem verdade que a emissora progrediu em termos de estrutura após a derrocada nos anos 80. Em 1989, quando a terceira geração da família Machado de Carvalho fez negócio com os empresários Odenir Laprovita Vieira e Edir Macedo Bezerra, a emissora contava com apenas três afiliadas e uma grade lastimável. Atualmente são 90 afiliadas, além da Record Internacional. A ligação com a Igreja Universal, no entanto, é um dos pontos que complicam a retomada aos tempos de glória da emissora. O fundador da Record, Paulo Machado de Carvalho, era figura popular nos anos 50 e 60. Apaixonado por esportes, chefiou a seleção brasileira em 1958 e ganhou o apelido de “Marechal da Vitória”.

Incentivada pelo ex-dono, a Record foi pioneira na área esportiva. Transmitiu em 18 de setembro de 1955 a primeira partida de futebol, ao vivo, entre Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro. No ano seguinte, fez a primeira transmissão interestadual, ao vivo, do País. Mostrou aos paulistanos o GP Brasil, realizado no Jockey Clube do Rio de Janeiro. Já o Bispo Macedo direciona forças para um público específico da Igreja Universal e não tão genérico como os admiradores de esporte.

Meio século de muitos nomes e histórias

# Em 1957, a Record trouxe estrelas internacionais para se apresentar no teatro da emissora, como Louis Armstrong, Nat King Cole, Sarah Vaughan e Charles Aznavour.

# Em 1958, a Record produziu a sua primeira novela: Éramos Seis.

# Nos anos 60, graças ao videoteipe, a Record exibia programas da TV Rio, como Chico Anysio Show e Noite de Gala, com Flávio Cavalcanti.

# A Record produziu O Fino da Bossa, comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues, dedicado à MPB, o Bossaudade, apresentado por Elizeth Cardoso e Ciro Monteiro, e o vespertino Jovem Guarda, com Roberto Carlos e cia. No final de 1966, os três eram líderes de audiência.

# Nos anos 60, passaram pelas novelas da emissora Fernanda Montenegro, Francisco Cuoco, Aracy Balabanian, Cláudio Marzo, Eva Vilma, entre outros.

# Em 1966, Hebe Camargo foi contratada pela Record para apresentar um programa de variedades no horário nobre de domingo. Durante três anos, liderou a audiência em São Paulo.

# Benedito Ruy Barbosa, Janete Clair e Lauro César Muniz escreveram novelas para a Record.

# A Record perdeu 300 filmes, equipamentos, estúdios e a central técnica da unidade do bairro do Aeroporto no incêndio do dia 29 de julho de 1966.

# Em setembro de 1966, a Record exibiu o 2.º Festival da Música Brasileira. Disparada, de Geraldo Vandré e Teófilo Barros Neto, interpretada por Jair Rodrigues, e A Banda, de Chico Buarque, cantada por Nara Leão, empataram na final.

# A histórica imagem do cantor Sérgio Ricardo, enfurecido pelas vaias, jogando o violão no público aconteceu no 3.º Festival de MPB exibido pela Record em 1967. Ponteio, de Edu Lobo e Capinam, foi a vencedora. Caetano e Gil lançaram a Tropicália.

# Criado por Manoel Carlos, Nilton Travesso e Raul Duarte – a Equipe A -, Família Trapo era apresentado aos sábados e tinha auditório. O humorístico era escrito por Carlos Alberto Nóbrega e Jô Soares, que também atuava ao lado de Ronald Golias, Ricardo Corte Real, Cidinha Campos, Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Sônia Ribeiro. Durante três anos foi líder de audiência.

# A Record sofreu incêndios em janeiro, março e julho de 1969. O último destruiu o bem-equipado Teatro da Record.

# Em 19 de fevereiro de 1972, a Record realizou a primeira transmissão em cores do Brasil. As imagens foram geradas pela TV Difusora de Porto Alegre da Festa da Uva, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

# Edson Bolinha Cury, que faleceu em 1998, fazia parte do time da Record nos anos 70 com o programa de auditório A Hora do Bolinha.

# Em 1973, os apresentadores Chacrinha, Silvio Santos e Raul Gil foram contratados para incrementar a linha de shows da Record.

# Os Insociáveis, em 1973, reunia o trio Renato Aragão, Dedé Santana e Mussum. #

No final da década de 70, Silvio Santos comprou 50% das ações da Record, que começa a operar em conjunto com a TVS do Rio.

# Em 1982, Faustão estreou o Perdidos da Noite na Record.

# O programa do palhaço Bozo se destacou nos anos 80.

Voltar ao topo